Não se preocupe, esta não é uma análise enfadonha sobre o clássico de Hemmingway . Mesmo porque eu não o li, e mesmo que tivesse, não tenho condições de analisar clássicos. É só que estou sentado na beira da praia, e tem um velho, e tem o mar. O velho, com todo um aparato de pesca montado e um chapéu de quem espera um sol daqueles, fala com as mãos para quem parece ser sua companheira. Vamos chamá-la de Lurdes. Ela se parece o suficiente com uma Lurdes. Peixe não se vê, mas quem foi que disse que pescaria tem a ver com peixes? Me fez bem imaginar que o velho teve uma vida plena até aqui. Criou seus filhos com amor e dedicação, trabalhou com prazer no que gostasse e tem a admiração da Dona Lurdes. Agora, depois de planejá -la por anos, veio curtir a aposentadoria na beira-mar, tentando pescar os peixes que o mar não quer lhe entregar. Ele parece achar graça no fato de que a vida lhe foi bem mais generosa do que o mar está sendo. Agora a Lurdinha (já somos íntimos a esta altura),
"A vida não é a que a gente viveu, e sim a que a gente recorda, e como recorda para contá-la" Gabriel García Márquez