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Vôo solo

Somente depois de várias horas conseguiu relaxar completamente. Não era a primeira vez em Paris, mas desta vez as coisas seriam diferentes. Sabia que tinha que fazer o check-in no hotel e sair correndo. Não havia muito tempo para descansar, e nem queria, tinha que resolver a situação de uma vez por todas. Esperara sete anos por esta oportunidade.


Pegou o mapa do metrô na recepção do hotel e viu que era exatamente o mesmo mapa de sete anos atrás. Desenhou mentalmente a rota e saiu correndo. Estava sujo, sem dormir e com a dor de cabeça que sempre tinha quando bebia no avião, não importava, sua missão era mais importante.


Subiu correndo as escadas da estação Cambronne, desceu na Trocadero, correu para pegar o segundo trem, passou vergonha quando teve que pular para dentro enquanto a porta fechava. Fez cara de turista bobo para não deixar dúvidas e sentou no banquinho retrátil da porta traseira do vagão.


Esta segunda perna da viagem era bem mais longa, com umas oito ou nove estações. Teve tempo de pensar no que o aguardava. Lembrou de quando fizera o mesmo trajeto, saindo do mesmo hotel, mas sem nenhuma pressa, em outros tempos. Deteve seu pensamento em detalhes simples, mas para ele significativos, como a chuva que batia forte na janela do metrô na primeira vez em que estiveram lá. Sim, daquela vez não estava só.


Desceu na estação errada, não lembrava muito bem. Resolveu andar o resto do caminho. Correu. Chegando lá olhou para todos os lados, se deteve um pouco na porta, quis garantir que seria igual. Já não era, pois como já foi dito, desta vez não estava com ela. Entrou, pediu um lugar para duas pessoas, sentou-se e pediu o mesmo prato e quase o mesmo vinho. Não tinha mais o que haviam tomado juntos.


Tomou goles rápidos do vinho antes de comer qualquer coisa, para tomar coragem. Olhou para todos os lados, por sorte o restaurante não estava tão cheio. Corou um pouco do vinho, bastante de vergonha. Puxou o celular, discou o número e colocou no viva-voz. Posicionou-o no lugar vazio, serviu as duas taças de vinho e esperou. Quando ela atendeu, os dois caíram na gargalhada. Era isso, anos depois lá estavam eles, curtindo novamente e de maneira bizarra um dos melhores momentos de suas vidas. Da próxima vez quem sabe ela consegue vir junto, então será possível que o dono do restaurante não chame a polícia.

Comentários

Meu Amor, esse texto mostra um pouco de como foi nossa viagem desta vez, neh?
ADOREI!
Mas nada eh igual se voce nao estah....
Je t' m....
Anônimo disse…
O escritor está ficando cada vez mais refinado! Estou esperando pelo livro. Bjs!

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