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Mostrando postagens de outubro, 2006

Jordão

Se tem uma coisa que me incomoda são crianças prodígio. Qualquer mirim que se atreva, ou seja forçado pelos pais, a fazer coisas típicas de adultos, me irritam profundamente. Se você lembra de um cantor francês chamado Jordi, sabe do que estou falando. Nenhuma criança deveria tentar cantar. Imagine este cidadão vendo os vídeos que gravou quando era criança. Deve ter passado a adolescência trancado no quarto, e hoje deve estar vivendo em algum lugar distante de sua terra natal, como por exemplo, no interior de São Paulo. Deve ter mudado seu nome para Jordão (mais uma questão de auto-afirmação), e jura que apesar do sotaque, nasceu e viveu a vida toda no Brasil. Casou com uma baiana e faz acarajé todos os Domingos na feira. Tem uma estranha fixação pela barraca de crepes e o nome de seu cachorro, Petit Chanteur, é pouco convencional na região onde mora. A baiana sonha em conhecer Paris, e está até fazendo um caixinha para a viagem. Ele nunca explica porquê, mas tenta convencê-la a mudar

Quantos dias tem o mês

Minhas unhas já cresceram outra vez, e lembro de tê-las cortado ainda ontem. Lembro bem porque ontem teve lasanha no almoço. Ou será que a lasanha foi anteontem? É verdade, ontem teve feijão. Agora me confundi se cortei as unhas no dia da lasanha ou no dia que fui no cinema com a Tati, que foi uns dois dias antes. Ou foi na semana passada? Semana passada nós fomos passar o final de semana na casa de meus pais, que foi um final de semana depois das eleições, e lembro bem que na semana das eleições não fomos ao cinema, pois eu queria assistir ao debate (inútil diga-se de passagem) na televisão. É isso, agora lembrei, um mês atrás foi a ultima vez que fomos ao cinema, uma semana antes das eleições, duas semanas antes de passarmos o final de semana na casa de meus pais, três semanas antes de comer lasanha no almoço, uma semana atrás. Nem sei mais quando cortei minhas unhas pela última vez, mas elas estão gigantes. Ou o mês é que encolheu?

Uvas do tamanho de dedos

Há exatamente quatorze anos me mudei para Curitiba. Bem, faltam ainda uns quatro meses para que a palavra exatamente cumpra seu papel na frase anterior, mas vamos deixar por isso mesmo. Anos depois que minha família me deixou sozinho pela primeira vez, descobri que assim que dobraram a esquina para voltar para casa, todos caíram no choro. Fico estranhamente feliz de me recordar deste fato. Não gosto de ver ninguém chorar, mas saber que eu faria alguma falta me deixou contente. E como na prática não cheguei a ver ninguém chorando, fica tudo certo. Assim é a minha família. Para quem assistiu ao filme "Casamento Grego" é só imaginar uma família parecida, mas com homens de nariz maior e que, ao invés de restaurantes, são donos de lojas de armarinhos, camisas, cuecas e roupas femininas. Todo o resto do pacote é igual. Por exemplo, para meus pais, tios, avós e até alguns primos (que não necessariamente são primos de verdade), todas as palavras descendem do árabe. Por exemplo, telev