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Mostrando postagens de novembro, 2009

Grande Dia

- Porra pai, prá que me acordar? - Eu não te acordei. Você acordou sozinho. A ninguém foi dado o poder de acordar pelo outro. - Não começa velho. Você abriu as janelas e ficou assoviando o hino à bandeira. Deixa eu dormir, por amor de deus, que ainda é cedo. - Você esqueceu que dia é hoje filho? - Estou tentando. - E tem outra, hoje você não escapa de cortar esse cabelo. - Que história é essa? Não vou cortar cabelo nenhum. - Aaaah, vai! Lembra aquela vez que chamei teu irmão e teu primo e te levamos à força? Quer repetir a dose? - Pai, eu tinha dezesseis anos naquela época. Aliás, nunca vou perdoar aquilo. Estava finalmente conseguindo ter a cabeleira que eu queria. - Aquele ninho de ratos? Nós te fizemos um favor. - Tá bom, tá legal. De qualquer maneira, sinto falta daquele tempo. - Nem me fale. - Lembra que ficávamos falando sobre a vida todas as tardes de Sábado? - E se lembro. - Como é que você agüentava um piá de dezesseis anos filosofando sobre a vida por horas a fi

A música ou Sonho de adolescente

A música que eu queria escrever poderia ser em português ou em inglês. Poderia ser também em japonês, italiano ou francês, seu eu conhecesse estes idiomas bem o suficiente para escrever a música que eu queria escrever. Não importa. A música que eu queria escrever teria que mudar o mundo. É eu sei, este é um sonho de adolescente, coisa de candidata a miss, que não combina com meus quase 35 anos de idade. Foda-se. Eu queria uma música que fizesse todo mundo pular, sair gritando pela casa, dançando da maneira mais idiota possível, mas decidido a viver melhor. Uma música emocionante como a melhor balada, forte como o mais agressivo heavy metal, profunda como a mais bem feita sinfonia, inteligente como um improviso de jazz, tocante como o blues e nem de perto parecida com o sertanejo, o axé ou o pagode. Uma música que fizesse esquecer-nos dos problemas e ajudasse a encontrarmos soluções. Uma que fizesse o ladrão devolver as jóias, e o dono das jóias as transformasse em comida para o vizinho

Por que carro?

Porque é a melhor maneira, e a mais confortável, de ir de “A” a “B”. Porque simboliza poder e dá status. Porque o vizinho tem. Porque sem carro não vou conseguir comer ninguém. Essas são apenas algumas das possíveis respostas à pergunta do nosso título. Entretanto, buscando uma boa razão para continuar trabalhando para a indústria automotiva (uma das grandes vilãs do momento), cheguei a uma conclusão diferente. Com o tempo, possuir e guiar um veículo motorizado pode ganhar dimensões “mundanas” como as sugeridas no primeiro parágrafo. Mas no começo não. No começo tudo o que você quer é sentir que domina uma máquina complicada como o automóvel. Quer sentir que só depende do pé direito para sair voando por aí. Quer sentir o frio na espinha quando ultrapassar os 40 Km/h pela primeira vez, a máxima velocidade que já tinha conseguido com sua bicicleta, naquela descidona do seu bairro. É um desafio ao design original do nosso corpo em termos de reflexos, velocidade e força. Somos mais do qu