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Mostrando postagens de dezembro, 2008

O Velho e o Mar

Não se preocupe, esta não é uma análise enfadonha sobre o clássico de Hemmingway . Mesmo porque eu não o li, e mesmo que tivesse, não tenho condições de analisar clássicos. É só que estou sentado na beira da praia, e tem um velho, e tem o mar. O velho, com todo um aparato de pesca montado e um chapéu de quem espera um sol daqueles, fala com as mãos para quem parece ser sua companheira. Vamos chamá-la de Lurdes. Ela se parece o suficiente com uma Lurdes. Peixe não se vê, mas quem foi que disse que pescaria tem a ver com peixes? Me fez bem imaginar que o velho teve uma vida plena até aqui. Criou seus filhos com amor e dedicação, trabalhou com prazer no que gostasse e tem a admiração da Dona Lurdes. Agora, depois de planejá -la por anos, veio curtir a aposentadoria na beira-mar, tentando pescar os peixes que o mar não quer lhe entregar. Ele parece achar graça no fato de que a vida lhe foi bem mais generosa do que o mar está sendo. Agora a Lurdinha (já somos íntimos a esta altura),

Eternidade? Tô fora!

O homem, naquele sentido que engloba também as mulheres e crianças, tem a necessidade interessante de deixar um legado. Algo que dure mais do que ele. Pelo menos um pouco mais. Não sei se é nossa maneira desengonçada de tentar alcançar a eternidade, ou o desespero que bate quando não conseguimos lembrar o nome de nossos bisavós , mas está embutido em nosso software deixar marcas para que se lembrem sempre de que um dia existimos. É claro que para este propósito recebemos as ferramentas e a habilidade (nem todos) para fazer filhos, mas estes farão os seus e quando estes fizerem também os seus, estes últimos não terão a menor ideia de quem você foi. E não adianta espernear, mesmo porque o caixão é um tanto apertado e dificilmente alguém vai ouvir. O segredo é construir algo digno de nota, que de fato transcenda as barreiras da família. Aparentemente o grande público, esta entidade que ninguém sabe definir direito, é bem mais propenso a garantir tua eternidade do que aqueles bisnetos

Bate-papo de Natal

Cara, falta muito pouco agora. Já estamos quase no Natal e em uns 2 meses você deve nascer. Teu quarto já está pronto e tuas roupas, você nem acredita. Você já tem camiseta de bandas que você nem conhece, mas com certeza vai gostar. Tua mãe está mais linda do que nunca e teus avós, bom você vai ver quando chegar. É inexplicável. Teu chá, que teve de tudo menos chá, foi um barato. Você ganhou presente pra caramba e já tem pelo menos o dobro de sapatos do que eu. Outro dia fomos dar uma espiada em você lá na clínica daquela médica simpática. Desta vez conseguimos te ver bem e tudo indica que, graças aos céus, você parece mais com tua mãe do que comigo. Vamos ver, estou de dedos cruzados. Enquanto escrevo aqui na sacada da pousada em Bombinhas , vejo tua mãe na areia, te carregando feliz da vida com seu barrigão lindo. É você que já deve estar louco para fazer castelos e enterrar teu pai na areia, como as outras crianças que estão por ali. Não se preocupe querido, em breve será a nossa v