Cara, falta muito pouco agora. Já estamos quase no Natal e em uns 2 meses você deve nascer. Teu quarto já está pronto e tuas roupas, você nem acredita. Você já tem camiseta de bandas que você nem conhece, mas com certeza vai gostar. Tua mãe está mais linda do que nunca e teus avós, bom você vai ver quando chegar. É inexplicável. Teu chá, que teve de tudo menos chá, foi um barato. Você ganhou presente pra caramba e já tem pelo menos o dobro de sapatos do que eu. Outro dia fomos dar uma espiada em você lá na clínica daquela médica simpática. Desta vez conseguimos te ver bem e tudo indica que, graças aos céus, você parece mais com tua mãe do que comigo. Vamos ver, estou de dedos cruzados. Enquanto escrevo aqui na sacada da pousada em Bombinhas, vejo tua mãe na areia, te carregando feliz da vida com seu barrigão lindo. É você que já deve estar louco para fazer castelos e enterrar teu pai na areia, como as outras crianças que estão por ali. Não se preocupe querido, em breve será a nossa vez.
Como ser humano assumida e eternamente perplexo com a grandeza e as maravilhas do oceano, sempre percebo quando estou diante de um semelhante. Nós, os Seagazers , somos facilmente reconhecíveis. É só prestar atenção aos braços largados ao lado do corpo (ou as mãos dadas atrás das costas, uma variação que, à exceção do físico prejudicado e do fato de não usarmos sungas vermelhas, pode faze-lo nos confundir com salva-vidas prontos para a ação), ao olhar fixo no horizonte oceânico, às pernas um pouco espaçadas e a uma leve inclinação a sair nadando até desaparecer. No meu caso específico – pois não sou um porta-voz da nossa espécie, ou algo do tipo – se tiver um par de fones brancos no ouvido, com, por exemplo, Stargazer (um tipo mais conhecido mas não menos esquisito de Gazer ) do Mother Love Bone tocando, ainda melhor. Pode ser também a Oceans do Pearl Jam . Hoje, curtindo o último dia de férias na praia, descobri um novo membro do nosso seleto grupo de lunáticos. Meu filho. Ele te...
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