O homem, naquele sentido que engloba também as mulheres e crianças, tem a necessidade interessante de deixar um legado. Algo que dure mais do que ele. Pelo menos um pouco mais. Não sei se é nossa maneira desengonçada de tentar alcançar a eternidade, ou o desespero que bate quando não conseguimos lembrar o nome de nossos bisavós, mas está embutido em nosso software deixar marcas para que se lembrem sempre de que um dia existimos.
É claro que para este propósito recebemos as ferramentas e a habilidade (nem todos) para fazer filhos, mas estes farão os seus e quando estes fizerem também os seus, estes últimos não terão a menor ideia de quem você foi. E não adianta espernear, mesmo porque o caixão é um tanto apertado e dificilmente alguém vai ouvir.
O segredo é construir algo digno de nota, que de fato transcenda as barreiras da família. Aparentemente o grande público, esta entidade que ninguém sabe definir direito, é bem mais propenso a garantir tua eternidade do que aqueles bisnetos ingratos. Por isso sugiro que comecem já a escrever seus livros, a pintar seus quadros, a bater seus recordes de comer o máximo possível de cachorro-quente em 5 minutos, e assim por diante.
Do meu lado, vou ficar com o lance de fazer o filho, ou pelo menos continuar praticando. É bem mais divertido e eu não dou a mínima para essa história de eternidade.
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