Pular para o conteúdo principal

Elliot

Meu pequeno cão tem nome, olho e latido de roqueiro. Atende por Ozzy,tem uma máscara preta tipo as do pessoal do Kiss e grita feito o Iggy Pop. Mas foi de outra celebridade que lembrei quando comecei a tossir. Com menos drama e fantasia do que no filme que fez de Steven Spielberg quem ele é hoje, o Ozzy é meu E.T.

Sempre morei em apartamento, nunca gostei de pescar, caçar, subir em árvore, andar a cavalo ou de qualquer outra atividade campestre. Nunca tive qualquer tipo de bicho de estimação, e achava que tratar cachorro como gente era o fim da picada. Bom, tudo isso até que meu pequeno E.T. aparecesse.

Confesso envergonhado que vejo ele fazer coisas dignas de uma pessoa com bom nível de inteligência, converso com ele como conversaria com meu melhor amigo e me emociono com qualquer latido diferente. Outro dia me peguei tentando ensiná-lo a cantar como Mademoseille Nobs, a cachorrinha blueseira do vídeo do Pink Floyd. Se ela pode, por que meu Ozzão não poderia?

Ainda bebezão, com a chegada do frio ele pegou uma gripe forte. É de cortar o coração vê-lo derrubado pelos cantos, sem comer, tossindo sem parar e me olhando lá de baixo como se eu pudesse curá-lo. Faz dias que ele está no antibiótico tentando melhorar. Há alguns dias comecei a tossir. Ando meio cabisbaixo e já me receitaram antibiótico. Assim como o menino Elliot do filme de Spielberg, estou sentindo o que meu cão sente. Hoje acordei cedinho como sempre, com a bexiga cheia fui correndo para a área de serviço, onde o chão fica coberto de jornais. Me dei conta a tempo. Seria caso para camisa de força, se já não for.

Comentários

Acras disse…
hehehe, essa a nildete vai ter que ler.
Anônimo disse…
Amei esse texo! Quem diria que fôssemos nos apaixonar tanto assim?
Anônimo disse…
KKKKKKKKK muito legal!!! Mesmo!!
Anônimo disse…
As coisas mudam.... eu vendo friends todos os dias e vcês conversando com o Ozão!!! kkk Abraço< Leo

Postagens mais visitadas deste blog

Macallan ou Momentary Lapse of Reason?

  Tudo é velho agora. Eu tenho rolhas de vinhos que tomei esses dias, datadas de 15 anos atrás. Livros de 2006 que ainda não li, datados também, com meu nome em cima. Tenho filhos grandes, alguns empregos no currículo, lembranças que se confundem. E me confundem. Acho que datados não são os livros, ou as rolhas de vinho. Datado sou eu. Mas não me sinto assim, o que provavelmente é bom. Ou talvez patético. Fiz uma tatuagem nova outro dia. A tatuagem é nova, os temas antigos. Bandas que gosto há mais de 30 anos, um livro que escrevi há mais de 10. Tudo é velho agora. Os souvenires, os quadros, os móveis e principalmente os uísques. Os uísques são muito velhos, mas já foi-se o tempo em que todos eram mais velhos que eu. Hoje em dia nem todos, só os melhores. Talvez esse seja o segredo, ficar datado como os melhores uísques, não como os piores discos. Envelhecer, sei lá, mais como um Macallan do que como o Momentary Lapse of Reason. Falando em Momentary Lapse o Reason, o Pink Floyd

Nuke

Eu devia ter uns 12 anos quando o programa Fantástico, da Rede Globo, mostrou um especial sobre as possíveis consequencias à população de uma guerra nuclear, à epoca iminente. Isso foi muito antes de eu abandonar de vez a Rede Globo, mas com certeza ajudou na decisão. Aquela cena me marcou muito, para não dizer aterrorizou profundamente. Talvez só a participação do Minotauro no sítio do pica-pau amarelo tenha chegado perto na categoria “vamos deixar essa criança sem dormir por uns dias”. E não estou usando da força de expressão aqui. De fato fiquei meses sem dormir direito. Com dois irmãos mais novos, todos dormindo no mesmo quarto, eu era o que tinha a cama perto da janela. A rua que passava ao lado do nosso quarto era de paralelepípedos. Todos os dias, perto das 11 da noite (madrugada para uma criança – sim, com 12 anos ainda éramos crianças então), o caminhão de lixo passava por ali, com aquele barulhão característico dos caminhões de lixo, amplificado pelo efeito trepidante dos p

História de fim de dia

O pai chegou em casa cedo naquele dia. O pequeno estava na sala, com alguns amigos que tinham vindo com ele do colégio para brincar de videogame. A mais velha estava no quarto, com alguns amigos que não tinham vindo com ela do colégio, batendo papos virtuais. A mãe estava no banho. O cachorro em todos os lugares. Chovia lá fora. Como as crianças já estavam cansando de matar monstros e fazer curvas impossíveis, o pai resolveu contar uma história. Atividade antiquada essa de contar histórias, com a TV desligada, onde já se viu. Mas não demorou muito para o pequeno e seus pequenos colegas vidrarem seus pequenos olhos no pai, mal respirando. Era sobre um ser que viveu aqui por essas paradas, há muito tempo. Um ser verdadeiramente iluminado. Apesar de não ser humano, era amigo de todos. Cada vez que ele aparecia para uma visita, nem que fosse breve, todos se alegravam. Ele inspirava planos, sonhos, música. Enquanto o pai contava, a filha mais velha se juntou à gangue. Ouviu o silêncio