Apagou o cigarro de cravo no cinzeiro do corredor. Era coisa de moleque fumar cigarro de cravo. No corredor da empresa onde fazia estágio era no mínimo de mau gosto. Desceu as escadas para o andar térreo, onde ficavam a maioria de seus colegas, que já o esperavam para o almoço. Odiava o almoço, estava acostumado com a comida da mãe. Também não gostava muito dos colegas, achava todos um saco. Tinha um futuro promissor. De poucos amigos e provavelmente infeliz, mas promissor.
Lá pelas tantas resolveu que sua opinião sobre a economia do país seria relevante. Despejou uma série de chavões, colecionados nos jornais e revistas que lia, e dos noticiários aos quais assistia. A maioria de suas opiniões eram contraditórias, às vezes até preconceituosas e ultrapassadas. Era sempre aplaudido, mais por medo do que por respeito. Sabiam que tinham seu futuro presidente diante de si. Para alguns era triste imaginar o seu destino, liderados por este homem.
O tempo passava e ele ia ganhando confiança, e perdendo adeptos. Almoçava em sua mesa, pois tinha vergonha de sentar-se só na cantina. Como previsto foi crescendo na hierarquia, e na arrogância. Andava cada vez mais bem vestido. Trocou os infantis e decididos cigarros de cravo pelos adultos e mal resolvidos charutos cubanos.
Estava muito próximo da presidência. Era odiado pela maioria e vivia agora isolado, como ficam os que têm grande poder. Passava muito tempo viajando, a trabalho. Sua missão era deixar os outros trabalhar. Sempre a cumpria, enquanto inventavam para ele uma nova desculpa para dele se livrar por mais uma ou duas semanas. Feira no exterior, MBA em outra cidade, férias num fim de mundo, tudo pago pela empresa. O currículo de feitos crescia, o de conquistas minguava e o de resultados não existia. E a previsão ia se cumprindo.
Assumiu a presidência com pompa. Fez o mesmo discurso torto que fazia antigamente sobre a economia do país, só que um pouco mais atualizado e confuso. Foi aplaudido, na medida certa entre o desconforto, o cinismo e o entusiasmo. Este último para evitar constrangimentos. Ao seu lado, com um sorriso forçado e bem ensaiado, estava seu pai, que naquele momento entregava para ele a obra da sua vida.
Lá pelas tantas resolveu que sua opinião sobre a economia do país seria relevante. Despejou uma série de chavões, colecionados nos jornais e revistas que lia, e dos noticiários aos quais assistia. A maioria de suas opiniões eram contraditórias, às vezes até preconceituosas e ultrapassadas. Era sempre aplaudido, mais por medo do que por respeito. Sabiam que tinham seu futuro presidente diante de si. Para alguns era triste imaginar o seu destino, liderados por este homem.
O tempo passava e ele ia ganhando confiança, e perdendo adeptos. Almoçava em sua mesa, pois tinha vergonha de sentar-se só na cantina. Como previsto foi crescendo na hierarquia, e na arrogância. Andava cada vez mais bem vestido. Trocou os infantis e decididos cigarros de cravo pelos adultos e mal resolvidos charutos cubanos.
Estava muito próximo da presidência. Era odiado pela maioria e vivia agora isolado, como ficam os que têm grande poder. Passava muito tempo viajando, a trabalho. Sua missão era deixar os outros trabalhar. Sempre a cumpria, enquanto inventavam para ele uma nova desculpa para dele se livrar por mais uma ou duas semanas. Feira no exterior, MBA em outra cidade, férias num fim de mundo, tudo pago pela empresa. O currículo de feitos crescia, o de conquistas minguava e o de resultados não existia. E a previsão ia se cumprindo.
Assumiu a presidência com pompa. Fez o mesmo discurso torto que fazia antigamente sobre a economia do país, só que um pouco mais atualizado e confuso. Foi aplaudido, na medida certa entre o desconforto, o cinismo e o entusiasmo. Este último para evitar constrangimentos. Ao seu lado, com um sorriso forçado e bem ensaiado, estava seu pai, que naquele momento entregava para ele a obra da sua vida.
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