Nunca vou esquecer do carneiro do Zeco. Quando meu irmão ainda era estudante de medicina e morávamos juntos em um pequeno apartamento na Desembargador Motta, eu acompanhava os estudos dele e de seus colegas madrugada adentro. Como prêmio de participação, eles me convidavam para os churrascos da turma. Ao contrário da maioria dos churrascos de turmas de universidade, os da turma do meu irmão não eram uma desculpa para beber, quer dizer, não só para beber. O ponto alto era quando tinha o carneiro do Zeco.
Não era qualquer carneiro. Segundo o próprio Zeco, um garoto do interior do Paraná, que tinha vindo para estudar em Curitiba, como a maioria dos garotos do interior do Paraná com algum dinheiro, ele acompanhava a vida do carneiro da gestação à digestão. Conhecia os bichinhos pelo nome, sabia quem era o pai, quem era a mãe e quem eram os irmãos, geralmente os próximos da fila. Ele fazia questão de sacrificá-los com as próprias mãos. Achava que era uma questão de respeito. Limpava, cortava, temperava e assava, sozinho, odiava que oferecessem ajuda. O carneiro era dele e ninguém punha a mão, só os dentes.
E nessa hora percebia-se que todo este cuidado era justificado. Nunca comi carne mais saborosa na minha vida toda. Depois da formatura acabei não encontrando mais o Zeco, e obviamente não sendo mais convidado para eventuais churrascos, mas cada vez que como carneiro em algum lugar, lembro daquela época. Quando o filho do Zeco entrar para a faculdade, vou dar um jeito de me enturmar.
Não era qualquer carneiro. Segundo o próprio Zeco, um garoto do interior do Paraná, que tinha vindo para estudar em Curitiba, como a maioria dos garotos do interior do Paraná com algum dinheiro, ele acompanhava a vida do carneiro da gestação à digestão. Conhecia os bichinhos pelo nome, sabia quem era o pai, quem era a mãe e quem eram os irmãos, geralmente os próximos da fila. Ele fazia questão de sacrificá-los com as próprias mãos. Achava que era uma questão de respeito. Limpava, cortava, temperava e assava, sozinho, odiava que oferecessem ajuda. O carneiro era dele e ninguém punha a mão, só os dentes.
E nessa hora percebia-se que todo este cuidado era justificado. Nunca comi carne mais saborosa na minha vida toda. Depois da formatura acabei não encontrando mais o Zeco, e obviamente não sendo mais convidado para eventuais churrascos, mas cada vez que como carneiro em algum lugar, lembro daquela época. Quando o filho do Zeco entrar para a faculdade, vou dar um jeito de me enturmar.
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Também quero me enturmar!