Eram mais ou menos cinco da manhã quando ela começou a melhorar. Eu não melhorei até hoje. Falávamos da vida, dos acasos, dos desastres, aquelas coisas de gente bêbada e imatura, que está se conhecendo e quer impressionar. Ela falava mais do que eu, como manda a etiqueta da conquista, até desmaiar, quando comecei a falar mais do que ela.Continua assim até hoje. Propus sairmos daquela confusão, que não estava nos fazendo bem. Eu lhe falei de um lugar onde nos sentiríamos no deserto. Sua gratidão me confortou. Partimos em silêncio.
Não consigo lembrar o que aconteceu em seguida. Foram pelo menos umas seis horas de blackout. Ela diz que não transamos, mas eu tenho minhas dúvidas até hoje. Quando acordei não lembrava o seu nome e a chamei de minha princesa. Assim a chamo até hoje. Não sou muito de mudanças, se percebe. Fiquei obcecado por ela, por sua beleza estranha, seu jeito próprio de falar, como se as palavras não fossem ficar para sempre, e com seu cheiro de banho de antigamente. Dediquei minha vida a ela, até hoje.
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