Uma vez, eu e minha esposa levamos um casal de amigos franceses a uma churrascaria. Eu achei que iríamos abafar, mas o efeito foi o contrário. Eles não entendiam como é uma refeição poderia ser feita daquela maneira. Tudo muito rápido, tudo muito intrusivo. Garçons interrompendo a conversa com um espeto de corações de galinha abruptamente posicionados entre o casal, pessoas circulando que nem loucas pelo bufê, e assim por diante. Para nós, a coisa mais natural. Para os franceses, o caos. Chegou a ponto de eles puxarem papo com um garçom para ver se a coisa acalmava um pouco. Quando vimos, tinha uma tropa de garçons sentados na nossa mesa aprendendo a falar “calma” em francês.
Coisa muito parecida aconteceu quando os levamos almoçar em um restaurante com bufê por quilo. Enquanto todo mundo fazia o prato completo, com salada, quentes, queijos e sobremesa, eles tentavam simular uma refeição de quatro cursos. A moça da balança achou que era piada. Quis saber se eles não tinham mais o que fazer. Eles não tinham.
Desde então eu tento entender qual o motivo desta grande diferença cultural. O que é que nós do novo mundo temos de diferente dos europeus e asiáticos? Não tenho certeza, e não quero generalizar, mas parece que aqui deste lado do mundo a maioria de nós é dada a prazeres imediatos. Não temos paciência de esperar. Sempre tivemos pressa de sermos iguais ao povo civilizado dos outros continentes, e nunca desaceleramos nosso ímpeto.
O grande embate entre vinhos europeus e americanos é um bom exemplo. O consumidor americano tem pressa, precisa de vinhos potentes, que estejam prontos para beber imediatamente, que joguem na cara toda a sua complexidade de imediato, e, por este mesmo motivo, tenham complexidade duvidosa. Já os europeus refletem a alma de seu povo. São elegantes apesar de menos óbvios. Precisam de tempo e paciência, mas são altamente complexos e surpreendentes.
Na música acontece coisa parecida, mas aqui, surpreendentemente o novo mundo tem superado sua histórica impaciência. Eu, que degustei muito Pink Floyd da safra Dark Side of the Moon para entender a complexidade de sua música diluída, tenho me surpreendido com bandas novas como o Arcade Fire, que cada vez mais mostram que as ausências de sons e a falta de potência, que não deve ser confundida com impotência, colaboram enormemente para a qualidade e elegância da música produzida.
Parece que há uma luz no fim do túnel, e que finalmente aprenderemos a esperar, a ter paciência, a abrir mão do prazer imediato pelo prazer futuro, mais rico, mais completo, menos asfixiante.
Coisa muito parecida aconteceu quando os levamos almoçar em um restaurante com bufê por quilo. Enquanto todo mundo fazia o prato completo, com salada, quentes, queijos e sobremesa, eles tentavam simular uma refeição de quatro cursos. A moça da balança achou que era piada. Quis saber se eles não tinham mais o que fazer. Eles não tinham.
Desde então eu tento entender qual o motivo desta grande diferença cultural. O que é que nós do novo mundo temos de diferente dos europeus e asiáticos? Não tenho certeza, e não quero generalizar, mas parece que aqui deste lado do mundo a maioria de nós é dada a prazeres imediatos. Não temos paciência de esperar. Sempre tivemos pressa de sermos iguais ao povo civilizado dos outros continentes, e nunca desaceleramos nosso ímpeto.
O grande embate entre vinhos europeus e americanos é um bom exemplo. O consumidor americano tem pressa, precisa de vinhos potentes, que estejam prontos para beber imediatamente, que joguem na cara toda a sua complexidade de imediato, e, por este mesmo motivo, tenham complexidade duvidosa. Já os europeus refletem a alma de seu povo. São elegantes apesar de menos óbvios. Precisam de tempo e paciência, mas são altamente complexos e surpreendentes.
Na música acontece coisa parecida, mas aqui, surpreendentemente o novo mundo tem superado sua histórica impaciência. Eu, que degustei muito Pink Floyd da safra Dark Side of the Moon para entender a complexidade de sua música diluída, tenho me surpreendido com bandas novas como o Arcade Fire, que cada vez mais mostram que as ausências de sons e a falta de potência, que não deve ser confundida com impotência, colaboram enormemente para a qualidade e elegância da música produzida.
Parece que há uma luz no fim do túnel, e que finalmente aprenderemos a esperar, a ter paciência, a abrir mão do prazer imediato pelo prazer futuro, mais rico, mais completo, menos asfixiante.
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