Ela tem nome, mas eu não lembrava.
Andava meio sumida, reclusa. Como se não tivesse mais espaço
no mundo. É tímida e frágil. Desaparece ao menor sinal de perigo. Tem muitos
amigos e admiradores, mas mesmo os melhores amigos, não se sabe porque, vez por
outra esquecem dela. Às vezes por muito tempo. Como se ela não tivesse telefone.
Como se fosse inalcançável.
Ela é famosa. Já fizeram várias músicas sobre ela. Livros e
filmes também. É uma lenda viva, e fugidia. Tenho sorte de ser amigo dela.
Também sou dos que a esquecem vez por outra.
Em várias ocasiões chegaram a cogitar a morte dela. Mas
quando já era quase certo que tinha partido, aparecia, linda e radiante, mesmo
que por um momento.
Lembrei muito dela este final de ano. Sempre lembro dela
neste período. Deve ser as férias, ou talvez o espírito Natalino, sei lá. Hoje
acordei, tomei dois cafés e fui vasculhar vídeos antigos. Tem um do meu mais
novo, recém-nascido, gargalhando enquanto a mãe fingia que comia sua barriga.
Sem nenhuma preocupação. Genuinamente feliz.
Quando ele falou o nome da mamãe, pela primeira vez no
vídeo, resolvi procurar minha velha amiga novamente.
Lembrei o nome dela. É americano. Hope.
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