Meu filho me perguntou o que era a humildade do ar. Estávamos com a TV ligada e ele deve ter ouvido algo na previsão do tempo do jornal. Eu tinha duas opções. Interpretar a pergunta como um pequeno deslize gramatical e corrigi-lo, ou entender que meu filho, que ainda não tem quatro anos, é um gênio da filosofia, que já está dando seus primeiros passos rumo ao entendimento definitivo do universo. Para mim fez muito mais sentido a segunda opção, e disparei: - Veja filho, não é tão simples assim. Tem muito que ver com o fato do ar não escolher, não ter critério nem pré-julgamentos. Ele é de todos. Está aí para todos. E o mais importante, não aparece, não cobra nada de ninguém, não quer ou exige nenhum tipo de reconhecimento. Está entendendo filho? E mesmo assim, ou talvez até por isso mesmo, o ser humano faz mau uso dele. Estraga o ar. Polui. Humilha mesmo, sabe como? Quando olhei para o lado, meu pequeno estava vidrado no vídeo da Galinha Pintadinha, sabe-se lá há quanto tempo. Esta
"A vida não é a que a gente viveu, e sim a que a gente recorda, e como recorda para contá-la" Gabriel García Márquez