Se o mundo acabar mesmo no dia 21 de Dezembro deste ano, como os Maias supostamente previram, todas as preocupações que eu tive até hoje não terão servido para nada. Pense no desperdício. Terão sido horas, dias, anos de preocupação à toa.
O mundo não pode acabar em Dezembro. De jeito nenhum. Investi tanto tempo da minha vida me preocupando com alguma coisa para dar em nada? Não. Seria a maior das sacanagens do destino. Uma vida de preocupações sem sentido.
Não que eu não me preocupe de vez em quando com o fim do mundo em si, mas essa preocupação sempre foi mais tipo um hobbie. Tudo bem, não foi um hobbie, na época da guerra fria eu me pelava de medo. Sem trocadilho.
Mas o fato é que, se o mundo acabar mesmo, terei perdido realmente muito tempo. Então eu decidi não me preocupar mais, com porra nenhuma. Chega. Resolvi viver a vida, chutar o balde. Carpe Diem! Pelo menos até o dia 21 de Dezembro. Depois eu vejo o que eu faço.
Você vai pensar que é a crise da meia idade. Não é. Pode chamar de crise do fim do mundo, que no meu caso coincidirá com a meia idade. Pura coincidência.
De qualquer maneira, vou radicalizar. Mas o que tem me preocupado mesmo, o que tem tirado meu sono, é como vou me acertar com o pessoal lá em casa se passarmos do dia 21 de Dezembro. Vai ser do peru. Sem trocadilho.
Comentários
Aí entra um dos paradoxos que mais me intrigam em nós, humanos.
Visto que:
A) Inerentemente, todos os problemas do mundo, do nosso ponto de vista, se resolverão no dia de nossa morte.
B) A morte vai acontecer sem sombra de dúvidas.
Dado A e B, num pensamento estritamente matemático não deveríamos nos preocupar com nada, pois num espectro mais amplo todos os problemas já estão resolvidos.
Então a diferença entre o cara que está na UTI e sabe que vai morrer amanhã, o Maia da lenda e você, é somente quanto tempo vai levar pra os problemas todos se resolverem. E mesmo assim, os 3 não conseguem se desprender dos problemas...
Depois dizem que o ser humano é perfeito.