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Merda


- Merda.

- Que foi?

- Como assim o que foi?

- Merda, o que? O que houve?

- Nada ué.

- Então por que falou merda?

- Você sabe. Para dar sorte. É como os artistas falam antes de entrar no palco.

- Deixa de ser ridículo. Em primeiro lugar, nós não somos artistas, em segundo, acho que só os de teatro falam isso. Não somos artistas, muito menos de teatro.

- Como não somos artistas? E nossa música é o que?

- Música? Você chama isso de música? Você escreveu estas letras idiotas, colocou três acordes em cima e inventou essa história de dupla caipira. Sinceramente, sei não.

- Poxa mano, isso é hora de duvidar do negócio? Estamos prestes a entrar no palco. E não é caipira, é sertanejo universitário.

- Que palco? Aquele cantinho ali que deixaram para nós? E além do mais, tem três pessoas no bar, e tenho certeza que eles não fazem a menor questão de ouvir nossa “música”.

- Não fala assim mano. Machuca.

- Para de frescura. Sabe do que, não sei onde eu estava com a cabeça quando topei essa maluquice, viu? To fora. Tchau.

- Merda.

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