Toda vez que eu chego em casa do trabalho, meu pequeno me olha e diz, “Sapo”. No começo fiquei grilado. Tudo bem que sou feio e ganhei um pouco de peso ultimamente, mas eu não sou verde porra. Além disso, tenta colocar esse nariz num sapo para ver se o desgraçado consegue se equilibrar. Mas está tudo certo, na verdade o que ele quer é o vídeo do sapo que não lava o pé (aquele mesmo do nosso tempo de infância) que começa a tocar no meu ipad toda vez que o pequeno o liga.
É isso, meu ipad não me pertence mais. Foi bom enquanto durou. Agora ele é apenas uma plataforma avançada de entretenimento infantil. Sempre alternando entre o sapo, o Doki, a Galinha Pintadinha e um povo esquisito contando até 10 em francês.
Deixe-me esclarecer bem a situação. Minha TV já é dele desde o dia 1. Minha cama também. Minha esposa nem se fala. O chão da sala, o sofá da sala, a sala. Tudo dele. Sem problema algum, filho é filho, mas o ipad era meu, katzo. Eu comprei com o meu dinheiro, eu vi primeiro e eu vou chamar a minha mãe. Mas peraí, minha mãe é avó dele. Se eu chamar ela, piora. Não tenho a quem recorrer.
Você acha que estou escrevendo este texto no ipad? Claro que não. Sabe por que? Porque o ipad está carregando. Sabe por que? Porque meu pequeno acabou com a bateria vendo o vídeo do sapo. Agora que ele foi dormir, tenho que carregar o brinquedo dele para amanhã. Percebeu? “O brinquedo dele”. Mas tudo bem, filho é filho. Eu nem queria o ipad mesmo. Droga.
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