Pular para o conteúdo principal

Sapo


Toda vez que eu chego em casa do trabalho, meu pequeno me olha e diz, “Sapo”. No começo fiquei grilado. Tudo bem que sou feio e ganhei um pouco de peso ultimamente, mas eu não sou verde porra. Além disso, tenta colocar esse nariz num sapo para ver se o desgraçado consegue se equilibrar. Mas está tudo certo, na verdade o que ele quer é o vídeo do sapo que não lava o pé (aquele mesmo do nosso tempo de infância) que começa a tocar no meu ipad toda vez que o pequeno o liga.

É isso, meu ipad não me pertence mais. Foi bom enquanto durou. Agora ele é apenas uma plataforma avançada de entretenimento infantil. Sempre alternando entre o sapo, o Doki, a Galinha Pintadinha e um povo esquisito contando até 10 em francês.

Deixe-me esclarecer bem a situação. Minha TV já é dele desde o dia 1. Minha cama também. Minha esposa nem se fala. O chão da sala, o sofá da sala, a sala. Tudo dele. Sem problema algum, filho é filho, mas o ipad era meu, katzo. Eu comprei com o meu dinheiro, eu vi primeiro e eu vou chamar a minha mãe. Mas peraí, minha mãe é avó dele. Se eu chamar ela, piora. Não tenho a quem recorrer.

Você acha que estou escrevendo este texto no ipad? Claro que não. Sabe por que? Porque o ipad está carregando. Sabe por que? Porque meu pequeno acabou com a bateria vendo o vídeo do sapo. Agora que ele foi dormir, tenho que carregar o brinquedo dele para amanhã. Percebeu? “O brinquedo dele”. Mas tudo bem, filho é filho. Eu nem queria o ipad mesmo. Droga.

Comentários

Viviane Souza disse…
kkkkk adorei!!!!
Isso mesmo amor!! "Num quero mais tamém!" Como diria o Bulu qdo era pequeno!
Maria Ercilia disse…
KKKKKKKK é a mais pura verdade!!!!
rsgoldget disse…
Large unfamiliar houses. People see that will, and they're like, 'wow, which simply seems to be unbelievable, that seems such as a thing I must be part of.Ha And also the wish can be, regardless of whether you see a little bit of concept art or even a monitor shot or perhaps movie or, most of all,
Runescape 3 Gold

Gold 4 RS

Postagens mais visitadas deste blog

Seagazer

Como ser humano assumida e eternamente perplexo com a grandeza e as maravilhas do oceano, sempre percebo quando estou diante de um semelhante. Nós, os Seagazers , somos facilmente reconhecíveis. É só prestar atenção aos braços largados ao lado do corpo (ou as mãos dadas atrás das costas, uma variação que, à exceção do físico prejudicado e do fato de não usarmos sungas vermelhas, pode faze-lo nos confundir com salva-vidas prontos para a ação), ao olhar fixo no horizonte oceânico, às pernas um pouco espaçadas e a uma leve inclinação a sair nadando até desaparecer. No meu caso específico – pois não sou um porta-voz da nossa espécie, ou algo do tipo – se tiver um par de fones brancos no ouvido, com, por exemplo, Stargazer (um tipo mais conhecido mas não menos esquisito de Gazer ) do Mother Love Bone tocando, ainda melhor. Pode ser também a Oceans do Pearl Jam . Hoje, curtindo o último dia de férias na praia, descobri um novo membro do nosso seleto grupo de lunáticos. Meu filho. Ele te...

O nome do longo hiato

Tenho agora algo em torno de doze leitores assíduos. É demais para a minha cabeça. Esse negócio está fugindo do controle. Antes eram apenas minha doce esposa, minha sogra, meu pai e meu irmão mais novo. Estava tudo sob controle. Agora que tem outros oito, me sinto na obrigação de justificar o longo hiato entre o último texto e este, e entre este e os próximos, que provavelmente será tão longo quanto. A justificativa tem seis meses, nove quilos, o primeiro dente e responde por filhão ou gorducho, só que deste último ele não gosta muito. Falando nele, vai aí uma dica de veterano para aqueles que tem filhos de cinco, quatro, três, dois ou um mês, mais conhecidos como calouros. Tudo o que te disseram sobre os nenéns - perceba, eu não disse quase tudo, ou muito do que, ou a maioria, eu disse TUDO - é mentira ou não se aplicará ao seu. Só para dar um exemplo, um colega de trabalho me disse categoricamente que as cólicas, quando existem, acabam como que num passe de mágica no exato momento ...

Despertadores

Eu não sou exatamente um cara místico, que acredita muito em que tudo acontece por um motivo e tal. Ou pelo menos não era até ter meu filho e começar a me aproximar da meia idade. Agora, de verdade, meu velho ter perdido a hora no meu primeiro dia de aula em um novo colégio sempre fez meu ceticismo cair de joelhos, por assim dizer. Explico. Meu velho nunca perde a hora. Pelo contrário, a hora é que perde ele. Sempre agitado, ligadão, a mil por hora, quais eram as chances dele dormir demais no primeiro dia de aula de dois dos seus três filhos no colégio novo? Bom, alguma chance deveria ter, pois foi o que aconteceu. E esse pequeno deslize foi o que salvou a minha vida, sem exageros. Como cheguei atrasado, as carteiras próximas aos meus colegas do antigo colégio já estavam todas tomadas. Sobrou um lugar do outro lado da sala de aula, bem no meio de três figuras lendárias da cidade. Para um piá de prédio, patologicamente tímido, vindo de um colégio de filhinhos de papai, sentar no meio ...