Eu devia ter uns 12 anos quando o programa Fantástico, da Rede Globo, mostrou um especial sobre as possíveis consequencias à população de uma guerra nuclear, à epoca iminente. Isso foi muito antes de eu abandonar de vez a Rede Globo, mas com certeza ajudou na decisão. Aquela cena me marcou muito, para não dizer aterrorizou profundamente. Talvez só a participação do Minotauro no sítio do pica-pau amarelo tenha chegado perto na categoria “vamos deixar essa criança sem dormir por uns dias”. E não estou usando da força de expressão aqui. De fato fiquei meses sem dormir direito.
Com dois irmãos mais novos, todos dormindo no mesmo quarto, eu era o que tinha a cama perto da janela. A rua que passava ao lado do nosso quarto era de paralelepípedos. Todos os dias, perto das 11 da noite (madrugada para uma criança – sim, com 12 anos ainda éramos crianças então), o caminhão de lixo passava por ali, com aquele barulhão característico dos caminhões de lixo, amplificado pelo efeito trepidante dos paralelepípedos e pela minha capacidade de ver coisas onde não existem, já bem desenvolvida naqueles tempos. Eu ficava apavorado, com os olhos abertos pregados no teto do quarto, esperando o clarão inevitável do cogumelo atômico. Na minha fantasia, EUA e URSS escolheriam Ponta Grossa, no interior do Paraná, como um dos primeiros alvos da sua rixa infame. Maldito caminhão de lixo. Maldito Fantástico.
Os anos passaram, nunca mais vi telejornais da Rede Globo, percebi que o Minotauro do sítio era só um ator qualquer muito mal fantasiado e deixei de ser criança há muito tempo. O medo da bomba continuou, só que de uma forma mais controlada e, digamos, madura.
Agora minha inimiga número 1 resolveu colocar as manguinhas de fora novamente. Com a onda de terremotos e tsunamis que assolou o Japão recentemente, e com o consequente acidente nuclear que resultou destes eventos, tive um flashback nada bem vindo dos meus tempos de pavor nuclear. A bomba está de volta. Bem, não exatamente a bomba, e não exatamente em um contexto de guerra ameaçador. De qualquer forma, só por via das dúvidas, não custa dormir de olho no teto por alguns dias. Afinal o tempo passa, mas o lixo continua tendo que ser removido.
Com dois irmãos mais novos, todos dormindo no mesmo quarto, eu era o que tinha a cama perto da janela. A rua que passava ao lado do nosso quarto era de paralelepípedos. Todos os dias, perto das 11 da noite (madrugada para uma criança – sim, com 12 anos ainda éramos crianças então), o caminhão de lixo passava por ali, com aquele barulhão característico dos caminhões de lixo, amplificado pelo efeito trepidante dos paralelepípedos e pela minha capacidade de ver coisas onde não existem, já bem desenvolvida naqueles tempos. Eu ficava apavorado, com os olhos abertos pregados no teto do quarto, esperando o clarão inevitável do cogumelo atômico. Na minha fantasia, EUA e URSS escolheriam Ponta Grossa, no interior do Paraná, como um dos primeiros alvos da sua rixa infame. Maldito caminhão de lixo. Maldito Fantástico.
Os anos passaram, nunca mais vi telejornais da Rede Globo, percebi que o Minotauro do sítio era só um ator qualquer muito mal fantasiado e deixei de ser criança há muito tempo. O medo da bomba continuou, só que de uma forma mais controlada e, digamos, madura.
Agora minha inimiga número 1 resolveu colocar as manguinhas de fora novamente. Com a onda de terremotos e tsunamis que assolou o Japão recentemente, e com o consequente acidente nuclear que resultou destes eventos, tive um flashback nada bem vindo dos meus tempos de pavor nuclear. A bomba está de volta. Bem, não exatamente a bomba, e não exatamente em um contexto de guerra ameaçador. De qualquer forma, só por via das dúvidas, não custa dormir de olho no teto por alguns dias. Afinal o tempo passa, mas o lixo continua tendo que ser removido.
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