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Das fraquezas da globalização

Nasci Brasileiro no interior do Paraná, filho de pais Brasileiros, mas neto de árabes. Uma avó de família Libanesa, outra nascida no Cairo. Os dois avôs da mesma cidade na Síria, mas que acabaram se conhecendo somente por aqui. Dizem que o sobrenome de um deles (o Nastás) é na verdade Grego, vai saber. Minha esposa também é Brasileira, só que neta de Italianos (dos dois lados). Meu filho é Curitibano e tem o olho um pouco puxado e os cabelos loiros (não vamos explorar isso agora). Ele adora Backyardigans, que é uma animação Canadense. Minha comida preferida é o bacalhau à Portuguesa – sem contar a comida árabe, é claro, mas a árabe para mim é comida da avó e isso fica sempre de fora dos rankings. Um dos meus escritores preferidos também é Portugês (o Saramago), mas o outro é Colombiano (Gabriel Garcia Márquez). Das minhas três bandas de rock favoritas, duas são Americanas e uma é Inglesa (Pink Floyd). Entre meus dez filmes preferidos está um Mexicano (O labirinto do Fauno). Trabalho na Renault, uma empresa Francesa, associada a uma outra Japonesa (a Nissan) e que começou um novo namoro com uma Alemã (a Daimler) para a qual já trabalhei em outros tempos. Minha missão na Renault é ajudar minha equipe a entregar peças boas e na hora certa para clientes Argentinos, Colombianos, Mexicanos, Franceses, Romenos e Sul Africanos. Sendo que da África do Sul (e aqui coloco em risco meu emprego em uma empresa Francesa) vêm meus vinhos preferidos (Pinot Noir). Na faculdade de engenharia, os dois colegas com os quais eu mais circulava eram Judeu um (o Isar) e Alemão outro (o Audreyn, cujo apelido era Alemão – criatividade nunca foi o nosso forte). É isso mesmo, um Árabe, um Judeu e um Alemão. Geralmente estudávamos na casa do Isar, coisa que deixava a família dele perplexa. Meu irmão do meio casou com uma Polaca e o mais novo vai casar com uma descendente de Iranianos.

Com todo esse background internacional e a tolerância que dele deveria ter sido desenvolvida, me assusto ao pensar na minha reação se der Brasil e Argentina na final da Copa do Mundo da África do Sul. Se isto acontecer, vou ter que consultar meu avô para relembrar alguns palavrões em Árabe. Nada pessoal, é que o futebol (que surgiu na Inglaterra como Association Football, ou sua versão mais curta, Soccer) nos desperta instintos primitivos, de um tempo onde a globalização ainda não tinha sido inventada.

Comentários

Muito legal, adorei.
Mas na minha família tem alemão, polaco, italiano e até um avô um pouco mulato...
Já viu, né?
Ju disse…
Ela esqueceu de dizer tbém um avô bugre...rssssssss

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