Como ser humano assumida e eternamente perplexo com a grandeza e as maravilhas do oceano, sempre percebo quando estou diante de um semelhante. Nós, os Seagazers, somos facilmente reconhecíveis. É só prestar atenção aos braços largados ao lado do corpo (ou as mãos dadas atrás das costas, uma variação que, à exceção do físico prejudicado e do fato de não usarmos sungas vermelhas, pode faze-lo nos confundir com salva-vidas prontos para a ação), ao olhar fixo no horizonte oceânico, às pernas um pouco espaçadas e a uma leve inclinação a sair nadando até desaparecer. No meu caso específico – pois não sou um porta-voz da nossa espécie, ou algo do tipo – se tiver um par de fones brancos no ouvido, com, por exemplo, Stargazer (um tipo mais conhecido mas não menos esquisito de Gazer) do Mother Love Bone tocando, ainda melhor. Pode ser também a Oceans do Pearl Jam.
Hoje, curtindo o último dia de férias na praia, descobri um novo membro do nosso seleto grupo de lunáticos. Meu filho. Ele tem apenas um ano de idade, conheceu o mar há menos de uma semana e já é um dos nossos. É a primeira vez que pude presenciar o exato momento da descoberta. A hora da perdição. Afinal, ele estava no meu colo. Posso jurar por Nemo – não o peixe simpático da animação, mas o Capitão de Júlio Verne – que ele largou os bracinhos ao lado do corpo, fixou o olhar onde o mar encontra o céu e ficou hipnotizado. Alguns momentos depois, começou a se jogar em direção ao mar, como se estivesse me convidando a ir junto, encontrar nosso destino, agora ainda mais compartihado.
É claro que eu nunca negaria um pedido do meu filho. Entrei com ele no colo até passar a arrebentação – que em Bombinhas quase não merece esse nome, pois é feita de apenas uma mirradinha onda por vez – nos encaramos com cumplicidade, ele ficou lambendo o pouco de água salgada que espirrou em seu rosto e voltamos. O padre vai ter que me desculpar, mas agora sim posso dizer que ele foi batizado.
Hoje, curtindo o último dia de férias na praia, descobri um novo membro do nosso seleto grupo de lunáticos. Meu filho. Ele tem apenas um ano de idade, conheceu o mar há menos de uma semana e já é um dos nossos. É a primeira vez que pude presenciar o exato momento da descoberta. A hora da perdição. Afinal, ele estava no meu colo. Posso jurar por Nemo – não o peixe simpático da animação, mas o Capitão de Júlio Verne – que ele largou os bracinhos ao lado do corpo, fixou o olhar onde o mar encontra o céu e ficou hipnotizado. Alguns momentos depois, começou a se jogar em direção ao mar, como se estivesse me convidando a ir junto, encontrar nosso destino, agora ainda mais compartihado.
É claro que eu nunca negaria um pedido do meu filho. Entrei com ele no colo até passar a arrebentação – que em Bombinhas quase não merece esse nome, pois é feita de apenas uma mirradinha onda por vez – nos encaramos com cumplicidade, ele ficou lambendo o pouco de água salgada que espirrou em seu rosto e voltamos. O padre vai ter que me desculpar, mas agora sim posso dizer que ele foi batizado.
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