Quase sempre a distância traz lucidez. E saudades, obviamente. Se bem que, se saudade fosse tão obvia, não seria omitida em idiomas tão importantes quanto o inglês, por exemplo. Estou falando da palavra, que fique claro, pois os ingleses, americanos, canadenses, australianos e outros povos falantes da língua de Shakespeare também a sentem, mesmo sem terem uma palavra única e exclusiva para descrevê-la. Ah, como a vida fica mais fácil quando se nasce em um país cujo idioma tem o nível de riqueza do nosso português.
Nunca estudei (e nem sei se tenho competência para tal) a teoria da relatividade de Einstein, mas sei - porque sinto - que ele tinha razão. O tempo é de fato relativo. Já fiquei uma semana inteira longe de vocês, e depois mais outra, morrendo de saudades, mas com tudo sob controle. Estava aqui pertinho. Agora que estou do outro lado do mundo, há apenas 12 horas, mesmo sabendo que nossa palavra, merecedora de todo o primeiro parágrafo, não existe por aqui e que ela não vai me ajudar a encontrar o caminho do hotel ou a estação de metrô, é só nela que penso. E em vocês, é claro, porque sem vocês ela não faria sentido. Com vocês, ela pode ou não existir, e pode ser mais forte ou mais fraca, e tudo depende da relação distância x tempo.
Não sei nada do velho Einstein, mas me parece que ele era um baita sentimental. Só que como não tinha palavra em alemão para expressar este sentimento, inventou toda uma teoria complexa. Nós inventamos uma palavra. E depois dizem que o português é burro. Eu retruco, para que complicar?
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Lindo texto!