Sem pensar três vezes, Jonas clicou o botão comprar. Não era pouco dinheiro para ele, mas valeria cada centavo. Como ele esperou por esse momento. A encomenda viria da Inglaterra e tinha o risco de parar na Receita. Demoraria semanas até chegar. Jonas era paciente.
Quarenta e sete dias depois, o pacote estava na portaria. Jonas perguntava todos os dias para o porteiro, desde o dia seguinte da compra. Desta vez, antes de desligar o carro na garagem do subsolo, o porteiro já vinha correndo com o pacote na mão. Jonas ficou tão feliz que tascou um beijo na bochecha gordurosa do velho. Arrependeu-se na hora, mas estava tão animado que logo esqueceu.
Jonas preparou a mesa da sala, derramou um pouco de uísque em um copo de requeijão com três pedras de gelo e sentou-se em frente ao pacote. Encarou a encomenda por um longo tempo, enquanto bebia seu veneno. Sabia que aquele era o melhor momento, segundos antes de começar a luta contra o embrulho para recuperar lá de dentro seu objeto de desejo.
A caixa era pequena, mas como dizem, são nos menores frascos que se encontram as melhores essências. No caso de Jonas era falta de dinheiro mesmo. O vidro grande estava impraticável e ele acabou comprando o de 25 ml. Fez as contas umas quinze vezes e pesquisou sites de compras e leilões do mundo todo. Tinha este inglês vendendo pela metade do melhor preço que encontrara por aqui, já convertido da libra, que andava nas alturas. Desconfiou mas resolveu arriscar.
Grandes ansiedades e expectativas geralmente são seguidas de desfechos banais. Tomou banho e trocou de roupa. Espirrou o perfume falso no pescoço, nos pulsos, no peito e, sem ninguém ver, na região do zíper da calça jeans. Ajeitou o cabelo. Passou dez minutos procurando a chave do carro, que havia jogado para dentro de casa quando chegara com o pacote em mãos. Respirou fundo e foi.
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