É difícil sair da sala sem acordar o cachorro. Ele fica com a cabeça no chão, cobertorzinho na boca, fingindo acompanhar meu sono, mas ao menor movimento, levanta e quer brincar. Agora penso naquela história de que cachorro se apega aos donos e não à casa. Pelo menos neste quesito ninguém pode me chamar de cachorro. Desde pequeno tenho a característica de me apegar exageradamente aos locais onde resido.
Depois de morar os primeiros nove anos da minha vida em um apartamento com meus pais e irmãos, os velhos resolveram que o lugar estava pequeno. Era um apartamento no décimo andar de um edifício que leva o nome da minha avó, e não por coincidência. O terreno era de meu avô, e o nome do edifício, as lojas do andar térreo e mais três apartamentos foram o preço que meu avô cobrou dos construtores. Um dos apartamentos ficou para meus pais.
Meses antes de mudarmos para o novo apartamento, que ainda estava em construção, os novos donos do nosso exigiam a entrega. Um de meus tios tinha ficado com o apartamento de baixo, o qual ocuparíamos até que o novo nos fosse entregue.
No dia da mudança, que consistia em descer todas as tranqueiras do décimo para o nono andar, eu tive minha primeira crise de nostalgia imobiliária. Com apenas nove anos de idade, achava que minha vida estaria acabada fora daquele apartamento. Não conseguia vislumbrar um futuro satisfatório. Nos últimos minutos, com toda a mudança já feita, meus pais não conseguiam me encontrar para fechar o apartamento e entregar as chaves. Vasculharam cada cômodo e quando abriram o boxe de vidro do banheiro me encontraram agarrado ao chuveiro, chorando. Pelo pouco que lembro, não foi fácil me convencer a sair dali. Minha tristeza durou dias, quem sabe até semanas.
Situações similares, apesar de mais discretas, aconteceram ao longo da minha vida. Quando mudei para Curitiba, quando casei, enfim, todas as vezes que tive que deixar meu lar, aquele sentimento apareceu novamente.
Hoje é o último dia no meu primeiro emprego. Fazem coincidentes nove anos que estou por aqui e resolvi que era hora de conhecer outras casas. Além do óbvio apego às pessoas que fizeram parte destes nove anos, principalmente a minha equipe, que vai deixar uma saudade tremenda, vou sentir falta deste lugar. Conheço cada canto, cada buraco, cada defeito. Hoje cheguei cedo para aproveitar bem, e a primeira coisa que fiz foi andar pela fábrica e pelos escritórios da empresa. Me segurei bastante para não dar vexame, principalmente quando passei em frente ao chuveiro lava-olhos do laboratório de análises químicas, que não agarrei por pouco.
Depois de morar os primeiros nove anos da minha vida em um apartamento com meus pais e irmãos, os velhos resolveram que o lugar estava pequeno. Era um apartamento no décimo andar de um edifício que leva o nome da minha avó, e não por coincidência. O terreno era de meu avô, e o nome do edifício, as lojas do andar térreo e mais três apartamentos foram o preço que meu avô cobrou dos construtores. Um dos apartamentos ficou para meus pais.
Meses antes de mudarmos para o novo apartamento, que ainda estava em construção, os novos donos do nosso exigiam a entrega. Um de meus tios tinha ficado com o apartamento de baixo, o qual ocuparíamos até que o novo nos fosse entregue.
No dia da mudança, que consistia em descer todas as tranqueiras do décimo para o nono andar, eu tive minha primeira crise de nostalgia imobiliária. Com apenas nove anos de idade, achava que minha vida estaria acabada fora daquele apartamento. Não conseguia vislumbrar um futuro satisfatório. Nos últimos minutos, com toda a mudança já feita, meus pais não conseguiam me encontrar para fechar o apartamento e entregar as chaves. Vasculharam cada cômodo e quando abriram o boxe de vidro do banheiro me encontraram agarrado ao chuveiro, chorando. Pelo pouco que lembro, não foi fácil me convencer a sair dali. Minha tristeza durou dias, quem sabe até semanas.
Situações similares, apesar de mais discretas, aconteceram ao longo da minha vida. Quando mudei para Curitiba, quando casei, enfim, todas as vezes que tive que deixar meu lar, aquele sentimento apareceu novamente.
Hoje é o último dia no meu primeiro emprego. Fazem coincidentes nove anos que estou por aqui e resolvi que era hora de conhecer outras casas. Além do óbvio apego às pessoas que fizeram parte destes nove anos, principalmente a minha equipe, que vai deixar uma saudade tremenda, vou sentir falta deste lugar. Conheço cada canto, cada buraco, cada defeito. Hoje cheguei cedo para aproveitar bem, e a primeira coisa que fiz foi andar pela fábrica e pelos escritórios da empresa. Me segurei bastante para não dar vexame, principalmente quando passei em frente ao chuveiro lava-olhos do laboratório de análises químicas, que não agarrei por pouco.
Comentários
Bem vindo no novo chuveiro.