Por muitos anos achei que ver o Pink Floyd sem o Roger Waters, ou o Roger Waters sem o Pink Floyd seria uma perda de tempo. Perda de tempo é ser tapado como uma mula, como eu fui na primeira vez que ele veio ao Brasil. Um fã do Floyd como eu não pode se dar ao luxo de desdenhar das migalhas que a lendária banda eventualmente deixa cair aqui no hemisfério sul. O que eu estava esperando, uma reunião improvável da banda, com apresentação no Brasil? Tenha dó! Em 2002, quando o velho Waters se apresentou pela primeira vez por aqui, fiz cara de quem não estava nem aí e perdi o show. Desta vez não!
Com organização impecável, o show no estádio do Morumbi começou pontualmente às nove horas da noite. O céu completamente estrelado e a lua crescente anunciavam a grande atração da noite, a execução completa do clássico álbum Dark Side of the Moon, de 73.
Minha querida estava comigo, o que tornou o momento ainda mais especial. Ela nunca deu a mínima para as músicas do Pink Floyd e do Roger Waters, e o fato de ela ter pedido para eu levar o CD do Dark Side para o carro é o atestado da marca que o show deixou em todos os que estavam lá.
Não pretendo detalhar o show, pois a mídia a esta altura já está cheia de relatos detalhados sobre o telão de fundo, o porco voador, o helicóptero e outros efeitos. Para mim, o verdadeiro valor deste show é que ele encerra um longo ciclo em minha vida. Desde muito pequeno aprendi que a música era um excelente refúgio para a minha timidez. Mesmo depois que a timidez me abandonou, a música continuou comigo. Escutava de tudo, música clássica, música de novela, rádio, os discos do meu velho, tudo o que aparecia na minha frente. Não se pode esquecer que naquela época a tecnologia digital ainda não existia, e música era artigo raro, comprada em loja ou escutada na rádio.
O meu primeiro contato com o rock, veja só, foi em uma viagem para Camboriú, de carona com um ex-marido de minha tia. Ele era fã de Pink Floyd e passamos quase a viagem toda escutando Atom Heart Mother, talvez o pior disco para iniciar alguém na banda. A maior coincidência é que neste mesmo ano eu ganhei uma fita K7 original do Dark Side of the Moon de um primo meu, e ainda por cima, em uma noite em que meus pais haviam saído para jogar baralho, sem querer, assisti ao filme The Wall na Bandeirantes. Imagine o impacto disso tudo em um pré-adolescente acostumado a escutar músicas retas, com estrofe e refrão, de não mais do que três minutos. No começo eu não entendi nada. Até fiquei meio confuso. Mas no final das contas virei fã do Pink Floyd.
É claro que o tempo passou e fui me acostumando a gostar de outras coisas. Acabei não enveredando pelo caminho do chamado rock progressivo. Na verdade sempre achei que o Floyd não tinha nada a ver com as outras bandas que levavam este rótulo. A uma certa altura comecei a curtir o hardcore californiano, a ponto de ter uma banda neste estilo por muitos anos.
Só recentemente redescobri a força da música do Floyd, e fiz as pazes com a banda. Na verdade, acho que sou mais fanático hoje do que sempre fui. Por isto tudo, digo que o show do Waters é o fechamento de um ciclo em minha vida. Um ciclo enorme e que só me trouxe boas lembranças. Posso dizer que estou em casa de novo.
Com organização impecável, o show no estádio do Morumbi começou pontualmente às nove horas da noite. O céu completamente estrelado e a lua crescente anunciavam a grande atração da noite, a execução completa do clássico álbum Dark Side of the Moon, de 73.
Minha querida estava comigo, o que tornou o momento ainda mais especial. Ela nunca deu a mínima para as músicas do Pink Floyd e do Roger Waters, e o fato de ela ter pedido para eu levar o CD do Dark Side para o carro é o atestado da marca que o show deixou em todos os que estavam lá.
Não pretendo detalhar o show, pois a mídia a esta altura já está cheia de relatos detalhados sobre o telão de fundo, o porco voador, o helicóptero e outros efeitos. Para mim, o verdadeiro valor deste show é que ele encerra um longo ciclo em minha vida. Desde muito pequeno aprendi que a música era um excelente refúgio para a minha timidez. Mesmo depois que a timidez me abandonou, a música continuou comigo. Escutava de tudo, música clássica, música de novela, rádio, os discos do meu velho, tudo o que aparecia na minha frente. Não se pode esquecer que naquela época a tecnologia digital ainda não existia, e música era artigo raro, comprada em loja ou escutada na rádio.
O meu primeiro contato com o rock, veja só, foi em uma viagem para Camboriú, de carona com um ex-marido de minha tia. Ele era fã de Pink Floyd e passamos quase a viagem toda escutando Atom Heart Mother, talvez o pior disco para iniciar alguém na banda. A maior coincidência é que neste mesmo ano eu ganhei uma fita K7 original do Dark Side of the Moon de um primo meu, e ainda por cima, em uma noite em que meus pais haviam saído para jogar baralho, sem querer, assisti ao filme The Wall na Bandeirantes. Imagine o impacto disso tudo em um pré-adolescente acostumado a escutar músicas retas, com estrofe e refrão, de não mais do que três minutos. No começo eu não entendi nada. Até fiquei meio confuso. Mas no final das contas virei fã do Pink Floyd.
É claro que o tempo passou e fui me acostumando a gostar de outras coisas. Acabei não enveredando pelo caminho do chamado rock progressivo. Na verdade sempre achei que o Floyd não tinha nada a ver com as outras bandas que levavam este rótulo. A uma certa altura comecei a curtir o hardcore californiano, a ponto de ter uma banda neste estilo por muitos anos.
Só recentemente redescobri a força da música do Floyd, e fiz as pazes com a banda. Na verdade, acho que sou mais fanático hoje do que sempre fui. Por isto tudo, digo que o show do Waters é o fechamento de um ciclo em minha vida. Um ciclo enorme e que só me trouxe boas lembranças. Posso dizer que estou em casa de novo.
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