Um ano de casa nova, o que para mim significa meu primeiro
ano morando fora de um apartamento. Eu sei, sou piá de prédio, empinava pipa no
ventilador, fazia acampamento no carpete da sala e tal. Não precisa falar. Mas
isso mudou.
Maridos de aluguel, tremei! Não precisamos mais de vocês.
Agora eu tenho furadeira (emprestada do sogro tá bom, mas tenho) e já descobri
que existem brocas para diferentes tipos de superfície. Eu limpo a piscina,
faço pequenos consertos na cisterna, na bomba d´água, em instalações elétricas
(e não estou falando de trocar a lâmpada engraçadões), molho a grama e, pasmem,
lavo o carro. Sim, eu lavo o carro com a ajuda imprescindível dos meus dois
meninos. Com água da chuva, é claro, devidamente armazenada, afinal, somos
ecologicamente corretos, o que significa que em Curitiba é obrigatório a ter
cisterna para água da chuva senão a prefeitura não aprova o projeto da casa.
Mas a principal mudança, a que me qualifica definitivamente
como um homem, digamos assim, prendado, um ex piá de prédio, é que eu faço churrasco.
É isso mesmo que você leu. Eu faço churrasco, e não é pouco. Nestes 365 dias de
casa nova, devemos ter feito por baixo uns 130 churrascos, sem exagero. Me
empolguei. E aprendi a fazer direitinho, carne boa, só com sal grosso, palmito
na brasa, cebola na brasa, milho na grelha, linguiça, coração de galinha para
os piás e assim por diante. Não tem prá ninguém, a churrasqueira tá dominada.
Churrasco e cerveja. Como resultado, 5 quilos a mais em um ano.
Está todo mundo mais feliz por aqui. Afinal, o que são 17 quilômetros
para chegar ao trabalho e outros 17 para voltar para casa no final do dia se,
quando você chega aqui, tem dois pequenos com uma bola de futebol te esperando
e uma lindona com a carne já comprada, a garrafa de vinho já aberta e uma lista
de furos para fazer nas diversas paredes da casa?
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