Pular para o conteúdo principal

E daí se fosse apenas pelos 20 centavos?

O Jabor foi extremamente infeliz em seu comentário precoce sobre a onda de protestos que estamos vivendo. Mas o Jabor é um infeliz por natureza. Seus comentários são baseados em inveja, como foi quando comentou o Oscar pela Rede Globo anos atrás, mostrando todo o seu recalque de cineasta fajuto e sem relevância. Ninguém tem que dar bola para o Jabor.

A questão é, por que temos vergonha de lutar por apenas 20 centavos? Qual é o problema? Se estiver errado, está errado. Ponto. Temos que reclamar. Vão me chamar de louco, de tapado, de míope, mas é melhor uma luta focada, pragmática, com alvo bem definido, como o aumento de 20 centavos, do que gritaria sem foco. Esse é o momento de termos visão de raio laser, para irmos derrubando cada um dos pontos que assolam nossa população. São vários, mas mirar direitinho em um por um é melhor do que atirar para o céu contra todos.

Não me entenda errado, atirar para o céu, ou gritar sem um foco bem definido, é melhor do que nada. E só por isso esses protestos que temos visto (ao vivo ou mal televisionados) já estão valendo muito. Mas se tivermos a inteligência coletiva de aproveitar melhor este momento, poderemos de verdade dar mais uma virada positiva na nossa história. Não somos famosos por nossa inteligência coletiva, e isso me desanima um pouco, mas a esperança é maior do que o desanimo. Sempre.

Ontem no blog da escolinha do meu filho menor (1 ano e dois meses) postaram uma foto da turminha dele com bandeiras do Brasil e um vídeo dos pequenos fazendo sua parte. Eles não sabem ainda, mas vão colher os frutos disto quando começarem a pagar impostos. Tudo bem que o meu pequeno estava mais preocupado em arrancar o palito de churrasquinho que sustentava a bandeirinha dele (e acabou conseguindo), mas começa assim.

Só sei que está bonito de ver. Colegas saindo do trabalho para ir para as ruas, gente debatendo assuntos que normalmente são deixados de lado. Muita gente já falando em como temos que votar direito nas próximas eleições. Teorias, conjecturas, propostas. Tem até ideias atribuídas ao Jô Soares, que provavelmente não são dele. (Talvez sejam do Jabor).


Enfim, fica a minha pergunta. E daí se fosse apenas pelos 20 centavos? Qual o problema? Consideremos os 20 centavos como um ensaio, um aquecimento. Uma tentativa até agora bem sucedida de exercitar músculos que temos, mas não lembrávamos que tínhamos.

Com foco, em paz e sempre. Só assim a coisa vai funcionar para nossos pequenos.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Seagazer

Como ser humano assumida e eternamente perplexo com a grandeza e as maravilhas do oceano, sempre percebo quando estou diante de um semelhante. Nós, os Seagazers , somos facilmente reconhecíveis. É só prestar atenção aos braços largados ao lado do corpo (ou as mãos dadas atrás das costas, uma variação que, à exceção do físico prejudicado e do fato de não usarmos sungas vermelhas, pode faze-lo nos confundir com salva-vidas prontos para a ação), ao olhar fixo no horizonte oceânico, às pernas um pouco espaçadas e a uma leve inclinação a sair nadando até desaparecer. No meu caso específico – pois não sou um porta-voz da nossa espécie, ou algo do tipo – se tiver um par de fones brancos no ouvido, com, por exemplo, Stargazer (um tipo mais conhecido mas não menos esquisito de Gazer ) do Mother Love Bone tocando, ainda melhor. Pode ser também a Oceans do Pearl Jam . Hoje, curtindo o último dia de férias na praia, descobri um novo membro do nosso seleto grupo de lunáticos. Meu filho. Ele te...

O nome do longo hiato

Tenho agora algo em torno de doze leitores assíduos. É demais para a minha cabeça. Esse negócio está fugindo do controle. Antes eram apenas minha doce esposa, minha sogra, meu pai e meu irmão mais novo. Estava tudo sob controle. Agora que tem outros oito, me sinto na obrigação de justificar o longo hiato entre o último texto e este, e entre este e os próximos, que provavelmente será tão longo quanto. A justificativa tem seis meses, nove quilos, o primeiro dente e responde por filhão ou gorducho, só que deste último ele não gosta muito. Falando nele, vai aí uma dica de veterano para aqueles que tem filhos de cinco, quatro, três, dois ou um mês, mais conhecidos como calouros. Tudo o que te disseram sobre os nenéns - perceba, eu não disse quase tudo, ou muito do que, ou a maioria, eu disse TUDO - é mentira ou não se aplicará ao seu. Só para dar um exemplo, um colega de trabalho me disse categoricamente que as cólicas, quando existem, acabam como que num passe de mágica no exato momento ...

Despertadores

Eu não sou exatamente um cara místico, que acredita muito em que tudo acontece por um motivo e tal. Ou pelo menos não era até ter meu filho e começar a me aproximar da meia idade. Agora, de verdade, meu velho ter perdido a hora no meu primeiro dia de aula em um novo colégio sempre fez meu ceticismo cair de joelhos, por assim dizer. Explico. Meu velho nunca perde a hora. Pelo contrário, a hora é que perde ele. Sempre agitado, ligadão, a mil por hora, quais eram as chances dele dormir demais no primeiro dia de aula de dois dos seus três filhos no colégio novo? Bom, alguma chance deveria ter, pois foi o que aconteceu. E esse pequeno deslize foi o que salvou a minha vida, sem exageros. Como cheguei atrasado, as carteiras próximas aos meus colegas do antigo colégio já estavam todas tomadas. Sobrou um lugar do outro lado da sala de aula, bem no meio de três figuras lendárias da cidade. Para um piá de prédio, patologicamente tímido, vindo de um colégio de filhinhos de papai, sentar no meio ...