O pai chegou em casa cedo naquele dia. O pequeno estava na sala, com alguns amigos que tinham vindo com ele do colégio para brincar de videogame. A mais velha estava no quarto, com alguns amigos que não tinham vindo com ela do colégio, batendo papos virtuais. A mãe estava no banho. O cachorro em todos os lugares. Chovia lá fora.
Como as crianças já estavam cansando de matar monstros e fazer curvas impossíveis, o pai resolveu contar uma história. Atividade antiquada essa de contar histórias, com a TV desligada, onde já se viu. Mas não demorou muito para o pequeno e seus pequenos colegas vidrarem seus pequenos olhos no pai, mal respirando.
Era sobre um ser que viveu aqui por essas paradas, há muito tempo. Um ser verdadeiramente iluminado. Apesar de não ser humano, era amigo de todos. Cada vez que ele aparecia para uma visita, nem que fosse breve, todos se alegravam. Ele inspirava planos, sonhos, música.
Enquanto o pai contava, a filha mais velha se juntou à gangue. Ouviu o silêncio lá do quarto, veio ver o que acontecia e não voltou mais. Demorou para perceberem que a mãe também já tinha saído do banho, secado o cabelo e jogado qualquer roupa de mãe no corpo. A jornada ainda era longa com aquela turma. Parou no corredor, olhando admirada o marido, primeiro pelo esforço e logo em seguida, e com mais força, pela história.
E o pai continuava. Descreveu detalhes da personalidade daquele ser único que, por motivos que ninguém nunca soubera, escolheu aqui para viver, e que por motivos ainda mais obscuros sumiu há um bom tempo, e nunca mais voltou. Contou como o povo daquela cidade foi se acostumando com a sua ausência, ao custo de muita amargura e frieza. Contou do seu tempo de juventude e de como as coisas eram diferentes com a sua presença.
Quando olhou para o lado, não pode deixar de notar a vizinha gostosa do décimo primeiro andar, que viera emprestar um pouco de açúcar e não saiu mais. Durou pouco mais de meio segundo o pensamento sobre o porque das vizinhas gostosas virem emprestar açúcar com aquelas roupas. Estava envolvido demais na própria história. Por sorte a mãe também estava.
E a história foi crescendo. Contou dos momentos em que o estranho amigo desaparecia, mas acabava retornando, fazendo com que os momentos com ele fossem ainda mais divertidos. Até que sumiu de vez.
Acabou ficando tarde e o pai já estava terminando a história quando a filha, com aquele ar adolescente blasé, perguntou afinal o nome do ser. O pai fez um esforço para lembrar e disse, com olhar nostálgico, era o Sol. Toda a turma em coro, ohhhhhh.
Como as crianças já estavam cansando de matar monstros e fazer curvas impossíveis, o pai resolveu contar uma história. Atividade antiquada essa de contar histórias, com a TV desligada, onde já se viu. Mas não demorou muito para o pequeno e seus pequenos colegas vidrarem seus pequenos olhos no pai, mal respirando.
Era sobre um ser que viveu aqui por essas paradas, há muito tempo. Um ser verdadeiramente iluminado. Apesar de não ser humano, era amigo de todos. Cada vez que ele aparecia para uma visita, nem que fosse breve, todos se alegravam. Ele inspirava planos, sonhos, música.
Enquanto o pai contava, a filha mais velha se juntou à gangue. Ouviu o silêncio lá do quarto, veio ver o que acontecia e não voltou mais. Demorou para perceberem que a mãe também já tinha saído do banho, secado o cabelo e jogado qualquer roupa de mãe no corpo. A jornada ainda era longa com aquela turma. Parou no corredor, olhando admirada o marido, primeiro pelo esforço e logo em seguida, e com mais força, pela história.
E o pai continuava. Descreveu detalhes da personalidade daquele ser único que, por motivos que ninguém nunca soubera, escolheu aqui para viver, e que por motivos ainda mais obscuros sumiu há um bom tempo, e nunca mais voltou. Contou como o povo daquela cidade foi se acostumando com a sua ausência, ao custo de muita amargura e frieza. Contou do seu tempo de juventude e de como as coisas eram diferentes com a sua presença.
Quando olhou para o lado, não pode deixar de notar a vizinha gostosa do décimo primeiro andar, que viera emprestar um pouco de açúcar e não saiu mais. Durou pouco mais de meio segundo o pensamento sobre o porque das vizinhas gostosas virem emprestar açúcar com aquelas roupas. Estava envolvido demais na própria história. Por sorte a mãe também estava.
E a história foi crescendo. Contou dos momentos em que o estranho amigo desaparecia, mas acabava retornando, fazendo com que os momentos com ele fossem ainda mais divertidos. Até que sumiu de vez.
Acabou ficando tarde e o pai já estava terminando a história quando a filha, com aquele ar adolescente blasé, perguntou afinal o nome do ser. O pai fez um esforço para lembrar e disse, com olhar nostálgico, era o Sol. Toda a turma em coro, ohhhhhh.
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