Cuidar de um neném em casal lembra em muito uma corrida de revezamento. Sabe aquelas que a gente só assiste nas olimpíadas, onde quatro atletas se revezam em não sei quantos metros de corrida, passando o bastão para oficializar a troca de corredor? Essa mesma.
A grande diferença é que na corrida (ou correria) da paternidade, ao invés de passar o bastão, você passa o neném. Tipo “toma que filho é teu” mesmo.
- Benhê, pega ele agora um pouquinho para eu tomar uma ducha rápida. Não vou nem lavar cabelo.
- Tá bom, mas antes fique com ele mais um pouco para eu escovar os dentes.
- Tá.
Vinte ou vinte e cinco minutos depois:
- Agora fica com ele um pouquinho para eu trocar a lâmpada da sala.
- Me dá, mas depois preciso preparar a jantinha dele e você olha. Daí eu dou a janta enquanto você vai relaxar um pouco.
- Legal. Quando terminar a janta eu troco a fralda e você vai ver a novela.
- Te amo!
E assim o tempo vai passando. Os raros diálogos, os momentos de verdadeira conexão conjugal (não estou falando de sexo, que fique claro), ocorrem exatamente durante o revezamento.
- Oi querida, me dá ele um pouco para você fazer as compras de mercado na internet. Hoje à noite, quando ele dormir, você não escapa hein?
- É mesmo, faz tempo né? Pega ele então, depois eu fico com ele para você fazer a mamadeira da noite. Como estão as coisas no trabalho?
- Tudo bem, tranquilo.
- Que bom.
E assim, de passagem em passagem, vai-se colocando a conversa em dia. As coisas importantes vão sendo decididas. No finalzinho do dia, quase na hora de dormir:
- Amor, fica com ele um pouco agora, vou tentar escrever alguma coisa.
- Ah, pode deixar. Sobre o que você vai escrever hoje?
- Sei lá, vamos ver o que aparece.
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