Ah, a mãe Natureza! Minha esposa ganhou exatos 9 quilos até o final da gravidez. Descontando-se os aproximados 3 quilos de bebê, significa que ela desenvolveu 6 quilos de acessórios. Como diriam os mineiros, ó pcê vê! Com apenas 6 quilos adicionais, ela é capaz de alimentar, aquecer, entreter e manter limpo um bebê. Você sabe quantos quilos de tranqueiras de plástico, tecido, madeira e metais são necessários para fazer exatamente a mesma função a partir do dia seguinte ao nascimento do pequeno? Pois é, em uma estimativa muito imprecisa, calculei algo entre 200 e 400 quilos. Isso significa que, na melhor hipótese, nossas tranqueiras recém adquiridas são umas 30 vezes menos eficientes do que a natureza. Pelo menos se considerarmos o critério peso. E, afinal, para que serve essa conta? Para absolutamente nada, mas os 300 quilos de coisas necessárias já estão comprados e eu tenho que matar o tempo de alguma maneira até ele nascer.
O pai chegou em casa cedo naquele dia. O pequeno estava na sala, com alguns amigos que tinham vindo com ele do colégio para brincar de videogame. A mais velha estava no quarto, com alguns amigos que não tinham vindo com ela do colégio, batendo papos virtuais. A mãe estava no banho. O cachorro em todos os lugares. Chovia lá fora. Como as crianças já estavam cansando de matar monstros e fazer curvas impossíveis, o pai resolveu contar uma história. Atividade antiquada essa de contar histórias, com a TV desligada, onde já se viu. Mas não demorou muito para o pequeno e seus pequenos colegas vidrarem seus pequenos olhos no pai, mal respirando. Era sobre um ser que viveu aqui por essas paradas, há muito tempo. Um ser verdadeiramente iluminado. Apesar de não ser humano, era amigo de todos. Cada vez que ele aparecia para uma visita, nem que fosse breve, todos se alegravam. Ele inspirava planos, sonhos, música. Enquanto o pai contava, a filha mais velha se juntou à gangue. Ouviu o silêncio
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