Ah, a mãe Natureza! Minha esposa ganhou exatos 9 quilos até o final da gravidez. Descontando-se os aproximados 3 quilos de bebê, significa que ela desenvolveu 6 quilos de acessórios. Como diriam os mineiros, ó pcê vê! Com apenas 6 quilos adicionais, ela é capaz de alimentar, aquecer, entreter e manter limpo um bebê. Você sabe quantos quilos de tranqueiras de plástico, tecido, madeira e metais são necessários para fazer exatamente a mesma função a partir do dia seguinte ao nascimento do pequeno? Pois é, em uma estimativa muito imprecisa, calculei algo entre 200 e 400 quilos. Isso significa que, na melhor hipótese, nossas tranqueiras recém adquiridas são umas 30 vezes menos eficientes do que a natureza. Pelo menos se considerarmos o critério peso. E, afinal, para que serve essa conta? Para absolutamente nada, mas os 300 quilos de coisas necessárias já estão comprados e eu tenho que matar o tempo de alguma maneira até ele nascer.
Tudo é velho agora. Eu tenho rolhas de vinhos que tomei esses dias, datadas de 15 anos atrás. Livros de 2006 que ainda não li, datados também, com meu nome em cima. Tenho filhos grandes, alguns empregos no currículo, lembranças que se confundem. E me confundem. Acho que datados não são os livros, ou as rolhas de vinho. Datado sou eu. Mas não me sinto assim, o que provavelmente é bom. Ou talvez patético. Fiz uma tatuagem nova outro dia. A tatuagem é nova, os temas antigos. Bandas que gosto há mais de 30 anos, um livro que escrevi há mais de 10. Tudo é velho agora. Os souvenires, os quadros, os móveis e principalmente os uísques. Os uísques são muito velhos, mas já foi-se o tempo em que todos eram mais velhos que eu. Hoje em dia nem todos, só os melhores. Talvez esse seja o segredo, ficar datado como os melhores uísques, não como os piores discos. Envelhecer, sei lá, mais como um Macallan do que como o Momentary Lapse of Reason. Falando em Momentary Lapse o Reason, o Pink Floyd
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