Morreu por culpa do cigarro. Foi para cama bêbado com o cigarro aceso entre os dedos e com o colchão em chamas bateu as botas, que no caso eram Nikes pretos. Quando chegou ao céu ainda não tinha se dado conta do que houvera. O porteiro, um anjo iniciante recém promovido, aproveitou para tirar um sarrinho. Afinal, o povo do céu também tem senso de humor. Pegou uma ficha azul improvisada e perguntou: - Nome e telefone, por favor. - João Alceu. 3226-XXXX – preservamos aqui a privacidade de João. - Bem vindo seu João! São 20 reais de consumação – e começou a revistar o recém-tostado. - É sua primeira vez aqui na casa? – continuou o anfitrião. - Hum... Para falar a verdade, nem sei onde estou, nem como vim parar aqui. Estou meio alto, sabe? - Não tem problema, vamos ter que fazer um cadastro rápido – riu sozinho pois o conceito de velocidade no céu fica distorcido com a premissa da eternidade. - Afinal, não estou vendo nenhuma placa por aqui, como é o nome desse lugar? - H
"A vida não é a que a gente viveu, e sim a que a gente recorda, e como recorda para contá-la" Gabriel García Márquez