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Mostrando postagens de abril, 2007

As semanas, os meses, os anos

Olhei para o lado e a vi, linda demais, cabelos castanhos largados rente ao rosto pequeno, liso e claro à perfeição. Fazia muito tempo que não a via, desde os tempos de escola. Na verdade acho que nunca a tinha visto, não daquela maneira. Não tinha mais volta. Por muito tempo olhei, como é de meu costume. Olhei com desespero até, pois sabia que não iria ser fácil vencer minhas barreiras. Por pouco não a perdi, até que um dia, com alguma ajuda, fui. Neste dia ela estava ainda mais linda, o que me assustava ainda mais. Conversamos o pouco que dava, já estava tarde, sempre fui de fim de festa, mais uma armadilha da minha timidez. A coisa foi indo, devagar mas com consistência. Primeiro beijo em uma semana, me chame de antiquado se quiser. Como eu corri riscos nesta história. Não sei como ela teve tanta paciência. Depois do primeiro beijo comecei a achar que tinha uma pequena chance, vê se pode. A esta altura ela já estava completamente a vontade, comigo e com todos, e eu lá, ainda em dúvi

Osaka e o trem bala

O gongo bateu na lateral da locomotiva e nenhum passageiro arriscou um piu. Estavam todos excitados e apreensivos ao mesmo tempo. Todos tinham na cabeça apenas as palavras dangan ressha, o trem bala. Tóquio não estava em seus melhores dias, o céu nublado e o ar pesado indicavam chuva, o que aumentava a apreensão. Dentre alguns convidados para o passeio inaugural estava o senhor Osaka, acompanhado de sua esposa Yasu. Ao contrário dos outros passageiros, senhor Osaka não estava apreensivo com a viagem, estava de saco cheio com mais este compromisso político. Faltavam apenas dez dias para a abertura das olimpíadas e ele, um dos principais organizadores do evento, ainda tinha muito trabalho pela frente. Estamos no dia primeiro de outubro de 1964, dia do aniversário de Yasu. Ela não quis nenhum presente, não quis jantar fora, seu único pedido foi que seu marido aceitasse o convite para a inauguração. Ele nunca deixaria de atender a um pedido de Yasu, que era calma só no nome, e dava um bail

Prazeres Imeditatos

Uma vez, eu e minha esposa levamos um casal de amigos franceses a uma churrascaria. Eu achei que iríamos abafar, mas o efeito foi o contrário. Eles não entendiam como é uma refeição poderia ser feita daquela maneira. Tudo muito rápido, tudo muito intrusivo. Garçons interrompendo a conversa com um espeto de corações de galinha abruptamente posicionados entre o casal, pessoas circulando que nem loucas pelo bufê, e assim por diante. Para nós, a coisa mais natural. Para os franceses, o caos. Chegou a ponto de eles puxarem papo com um garçom para ver se a coisa acalmava um pouco. Quando vimos, tinha uma tropa de garçons sentados na nossa mesa aprendendo a falar “calma” em francês. Coisa muito parecida aconteceu quando os levamos almoçar em um restaurante com bufê por quilo. Enquanto todo mundo fazia o prato completo, com salada, quentes, queijos e sobremesa, eles tentavam simular uma refeição de quatro cursos. A moça da balança achou que era piada. Quis saber se eles não tinham mais o que f