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Bob e Woody

Refletir com profundidade requer ficar com dúvidas por mais tempo do que a maioria das pessoas pode suportar. Talvez por ser uma dessas pessoas de pavio cerebral curto ou talvez por ter nascido tarde demais, alguns ídolos da crítica cultural mundial nunca me convenceram.

Não consigo entender, por exemplo, onde está a genialidade de Woody Allen. Fazer sempre o mesmo papel de nova-iorquino neurótico não é necessariamente um grande feito. Mesmo porque, faz muito tempo que ser neurótico deixou de ser exclusividade de nova-iorquinos.

Também não entendo que, em pleno ano de dois mil e seis, o disco novo do Bob Dylan tenha recebido da crítica vários prêmios como um dos melhores do ano. Acho que eu perdi alguma coisa. Não estou dizendo que Dylan não tem seu valor. Quem sou eu! Mas já deu, né? O disco é chato, aquela voz fanhosa já perdeu o charme faz tempo, e o tempo agora é de gente nova. Deixa o Bob fazendo seus discos para os fãs do Bob, mas não precisa confundir a cabeça da criançada que acredita em tudo o que lê, e passa horas se achando uma besta quadrada porque não consegue gostar do disco de jeito nenhum.

Eu sei que pode pegar mal, afinal, um cara que se propõe a escrever não pode desprezar o fino da arte cult. Excelente, quem sabe a crítica literária também tenha suas bizzarrices.

Comentários

Anônimo disse…
Para mim, o melhor de Woody Allen está em MATCHPOINT (no qual ele não aparece), mas o filme é realmente genial.
Anônimo disse…
Quanto ao Dylan, tudo bem. Sua mensagem perdeu muito da força com os anos. Mas reduzir os personagens do Woody Allen, mesmo os protagonizados por ele mesmo, a "nova-iorquino neurótico" é uma visão meio míope, pra dizer o mínimo. Nesse caso, vou continuar insistindo para que você consulte um oftalmologista :)

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