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Mostrando postagens de junho, 2011

Sapo

Toda vez que eu chego em casa do trabalho, meu pequeno me olha e diz, “Sapo”. No começo fiquei grilado. Tudo bem que sou feio e ganhei um pouco de peso ultimamente, mas eu não sou verde porra. Além disso, tenta colocar esse nariz num sapo para ver se o desgraçado consegue se equilibrar. Mas está tudo certo, na verdade o que ele quer é o vídeo do sapo que não lava o pé (aquele mesmo do nosso tempo de infância) que começa a tocar no meu ipad toda vez que o pequeno o liga. É isso, meu ipad não me pertence mais. Foi bom enquanto durou. Agora ele é apenas uma plataforma avançada de entretenimento infantil. Sempre alternando entre o sapo, o Doki, a Galinha Pintadinha e um povo esquisito contando até 10 em francês. Deixe-me esclarecer bem a situação. Minha TV já é dele desde o dia 1. Minha cama também. Minha esposa nem se fala. O chão da sala, o sofá da sala, a sala. Tudo dele. Sem problema algum, filho é filho, mas o ipad era meu, katzo. Eu comprei com o meu dinheiro, eu vi primeiro e eu

Tutano

Sempre que uma grande mudança ocorre na minha vida, anuncio por aqui que vou dar um tempo nos meus escritos. Quando mudei de emprego a primeira vez foi assim. Quando o pequeno nasceu foi assim. Quando decidi que não gostava mais de quiabo foi assim também. Grandes mudanças implicam em vácuos criativos para mim. Dois dos meus quatro seguidores sempre reclamam quando faço estes anúncios. Para não criar nenhum mal estar, apesar de ter mudado de emprego recentemente, decidi não fazer o anúncio. O problema é que as ideias continuam não vindo. Foi aí que eu percebi que todas as vezes que disse que ia parar de escrever por um tempo, logo em seguida surgiam vários textos novos. Se for assim, queridos leitores, anuncio que nunca mais vou escrever, na esperança desesperada de que a partir de amanhã comecem a pipocar histórias nesta pobre cabeça sem ideias. Como diz o meu pequeno, colocando o dedo na minha testa, “Tutano papai”.

Trilha

Liguei o modo aleatório do aparelhinho, coloquei os fones no ouvido e saí andar pela Lagoa. De cara tocou Creep do Radiohead para me colocar no meu devido lugar. Fui pensando que se eu voltasse para casa teria que encarar a dura realidade dos livros não lidos, da louça não lavada e da noite mal dormida em má companhia. Não voltei. Maldito sol. O que será que houve com a fama de cidade cinza deste lugar?   Não levei meus óculos. Nem sei onde eles estão. Continuei andando enquanto minha trilha sonora ia sendo decidida pelo programa que algum nerd mais desafortunado que eu embutiu no aparelho. Fui longe demais para voltar caminhando, mas não tinha dinheiro sequer para o ônibus. Sentei em uma mesa de bar e pedi um copo de água da torneira. Começou a tocar Johnny Cash. Sorte. Me dei conta de onde estava. Mais algumas quadras e eu estava passando pelo sobradinho muquifento onde ela morava. Bateu uma saudade incontrolável e torci para tocar a nossa música. Não tínhamos uma música nossa, e