No auge da neurose com a vaca louca, fomos, eu e minha esposa, à França. Na época ainda namorávamos e eu queria impressioná-la com uma aliança de noivado em um passeio pelo Sena. Como tínhamos amigos em Toulon, resolvemos passar uns dias no sul antes da semana em Paris. Não comer carne de gado na França só não é mais grave porque existem os patos, as rãs, as lesmas e outros bichos tão ou mais apetitosos. De qualquer maneira, perde-se muito. Por sorte eramos muito novos na época, e ainda não sabíamos direito o que estávamos perdendo. O maior exemplo é que raramente tomávamos vinho nas refeições, substituindo uma boa garrafa de borgonha de quinze dólares por uma boa garrafa de coca-cola de dez. Falta de experiência à parte, quando acertávamos era em cheio. Em um dos poucos dias chuvosos da viagem, passeando por Grasse, famosa pelos perfumes e por ser cenário do famoso livro de Patrick Suskind, quando não aguentávamos mais de fome entramos em um restaurante. Tinha uma plaquinha na porta,
"A vida não é a que a gente viveu, e sim a que a gente recorda, e como recorda para contá-la" Gabriel García Márquez