- Merda. - Que foi? - Como assim o que foi? - Merda, o que? O que houve? - Nada ué. - Então por que falou merda? - Você sabe. Para dar sorte. É como os artistas falam antes de entrar no palco. - Deixa de ser ridículo. Em primeiro lugar, nós não somos artistas, em segundo, acho que só os de teatro falam isso. Não somos artistas, muito menos de teatro. - Como não somos artistas? E nossa música é o que? - Música? Você chama isso de música? Você escreveu estas letras idiotas, colocou três acordes em cima e inventou essa história de dupla caipira. Sinceramente, sei não. - Poxa mano, isso é hora de duvidar do negócio? Estamos prestes a entrar no palco. E não é caipira, é sertanejo universitário. - Que palco? Aquele cantinho ali que deixaram para nós? E além do mais, tem três pessoas no bar, e tenho certeza que eles não fazem a menor questão de ouvir nossa “música”. - Não fala assim mano. Machuca. - Para de frescura. Sabe do que, não sei onde eu estava
"A vida não é a que a gente viveu, e sim a que a gente recorda, e como recorda para contá-la" Gabriel García Márquez