Tenho uma coleção de fotografias. Bom, todo mundo tem uma coleção de fotografias, mas não como a minha. Não é uma coleção enorme, não tem bizarrices, não é de Polaroid, é apenas uma coleção de fotografias, mas é única. Mesmo quando a coleção entrou na era digital, continuei mandando imprimir. Tenho exatamente vinte mil setecentas e cinqüenta e duas fotografias, uma para cada dia, desde o dia em que fiz dezoito anos. Eu achava que estava ficando velho quando fiz dezoito anos. Isso me assusta agora que estou realmente ficando velho. Nunca mostrei minha coleção para ninguém, e nunca vou mostrar. Isso é uma das coisas que faz da minha coleção única. Eu também não vejo as fotografias depois que as guardo. A foto de amanhã já planejei, a de hoje já fiz, a de ontem revelei e as da semana passada já esqueci. São todas iguais, o que muda é o tempo. São todas diferentes. Ao contrário de Dorian Gray, envelheço junto com os retratos, ou até mais do que eles, porque eles só registram o envelhecime
"A vida não é a que a gente viveu, e sim a que a gente recorda, e como recorda para contá-la" Gabriel García Márquez