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Mostrando postagens de julho, 2009

João Badalhoca

João Badalhoca vivia pendurado. Não era encrenca, mas estava encrencado. Calhou certo dia ao olhar para o lado, cair de amores pela mulher do delegado. João Badalhoca, onde já se viu, brincando com a sorte, com a vida por um fio. Foi ter com o padre a quem confessou, coisa séria meu pai, o homem já sabe quem sou. João Badalhoca e seu tiro certeiro, antes fosse pros lados da mulher do leiteiro. Pobre do João, situação inefável, justo com o delegado e sua mulher inflável .

O negócio

Assim como o lobisomem culpa a lua, mas não se prepara para o que já sabe que acontecerá, João culpava a má sorte, o governo e a situação no Oriente Médio pelo seu fracasso. Não conseguia entender como é que os pedidos não vinham. Sua ideia de vender berinjela seca e salgada para o lanche de qualquer hora era genial. Não importava quantas vezes o haviam prevenido, era genial e pronto. Teimosia talvez fosse algo que João devesse prestar mais atenção. Depois de meses tentando e de ter entupido a família com o infame legume em todas as suas possíveis formas de apresentação, não tinha mais o que fazer com o estoque e com os equipamentos que havia comprado para seu novo e já fracassado negócio. Entrou no e- Bay e pôs à venda 50 quilos de berinjela , um forno industrial e uma empacotadeira . Está claro que não vendeu as berinjelas , mas conseguiu um bom preço pelo resto. Outro gênio começaria seu próprio negócio, talvez agora com chuchu ou abobrinhas . Andava de um lado para outro, pe

O telefone tocou

A lua, que estava pela metade, já ia alto ao céu quando o telefone tocou. Ele sabia que não deveria ser nada, pois todos que ele ama estavam ao alcance das suas mãos. Mesmo assim sua espinha gelou, reflexo de outros tempos. Atendeu por engano da curiosidade e se arrependeu. Do outro lado, um silêncio não identificado, como todo silêncio. Desligou desconfiado e esperou o telefone tocar novamente. Não tocou. Três dias depois, no mesmo horário, toca o telefone novamente. Tinha se esquecido de desligá-lo e, como curiosidade é seu ganha-pão, atendeu. Mais uma vez, o silêncio incômodo . Xingou e foi dormir. Sua mulher resmungou alguma coisa sem acordar. Era professor e trabalhava em um laboratório da universidade. Nem ele sabia explicar direito o que estava pesquisando, mas era importante. Talvez para alguma outra geração. E tinha que ver com inteligência artificial e modelos matemáticos complicados, que só uma inteligência humana superior poderia criar. Não se preocupava com este para