Como se tivesse sido programado, Marcelo chegou atrasado para a primeira aula da nova escola, escolheu o único lugar vago e viu sua vida virar do avesso. Tendo como pano de fundo a história de uma das bandas mais conhecidas da nova cena punk brasileira, o leitor vai descobrir que a vida de Marcelo, que tinha tudo para ser um desastre, se transforma em uma seqüência de fatos pitorescos e inusitados. Com um final comum, porque a vida é assim, o sabor desta história está no recheio, que mistura fantasia com realidade para retratar uma época de grandes mudanças.
O ensaio acabou. Eles estavam exaustos. O ventilador de mesa nunca dava conta de mantê-los sãos nos dias de verão. Nos intervalos, cigarros e tererês, enquanto o guitarrista brincava na bateria (amor antigo para o qual nunca se entregou, mas continuava paquerando). A casa era de madeira, do baterista obviamente. No quarto ao lado, dormia a recém-nascida. Em poucos dias gravariam o primeiro CD, na época em que gravar CDs era um grande feito. As músicas estavam no ponto, ou pelo menos era o que achavam até entrarem no estúdio. O estúdio também não tinha ar condicionado, a não ser na sala de gravação. Estavam todos ansiosos. Foram dois dias só para ajustar e gravar a bateria (só o guitarrista teve saco de acompanhar todo o processo). Duas semanas no total para finalizar a obra. Depois de muitos cigarros, cervejas, erros e stress, a bolachinha ficou pronta. A pior parte foi a mixagem. A pior parte é sempre a mixagem. É quando você tenta arrumar o que não tem conserto. ...
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