Outro dia li no jornal um texto do Nick Hornby. Para quem não conhece, ele é um escritor britânico, autor do livro “Alta Fidelidade”, que tem o argumento de um dos melhores filmes da nossa geração. Naquele texto, ele explorava as relações entre a idade da pessoa, sua mentalidade e a música que ela escuta.
Todo mundo que está beirando os trinta anos e ainda prefere rock à jazz sente um alívio ao ler o texto. É claro que a tendência de quem está avançando na vida adulta é mudar o seu estilo de vida, e com ele a música que escuta. Há, porém, aqueles que preferem deixar para a música o papel de guardiã dos sonhos da juventude, da alegria de viver, do amor bobo e da rebeldia. Uma coisa não precisa estar ligada à outra. Eu não preciso ser rebelde para apreciar o valor da rebeldia. Poucos entendem isto, pois se enchem de preconceitos prontos, que nem são seus, mas que facilitam tremendamente o trabalho de “entender” o mundo.
No filme “As Horas”, em uma das melhores cenas, a personagem de Meryl Streep está na cama, conversando com sua filha, interpretada por Claire Danes. No auge da cena, ela diz que passamos a vida procurando por um momento de grande felicidade, quando a felicidade está justamente nas possibilidades que esta procura nos oferece. Para muitas pessoas, a música com guitarras, feita por gente mais nova, representa exatamente isto. A lembrança das possibilidades de outros tempos, e a motivação para criar novas possibilidades afloram nos primeiros acordes.
Seja através da música, seja através de um hobbie qualquer, desenvolver e manter a capacidade de sonhar os sonhos que já não fazem mais parte do cotidiano é um achado no meio da insanidade da vida adulta.
Natal de 2010. Na verdade antevéspera de Natal, dia 23 de Dezembro. Faz 5 minutos que saí de uma reunião com um fornecedor crítico, que está quase parando a linha de produção de um de nossos clientes. Em mais 25 minutos entro em outra, com outro fornecedor crítico, que está quase parando a linha de produção de outro de nossos clientes. 2010 foi assim, basicamente uma corrida só, em três modalidades. Modalidade número 1, a já mencionada corrida atrás de peças para nossos clientes. Modalidade número 2, a emocionante corrida atrás do desenvolvimento pessoal. Já contei em outras ocasiões que todos os anos eu me isolo, por dois ou três dias, para fazer uma reflexão do ano que passou, das evoluções conquistadas e do que está por vir. Depois tenho o ano todo para dar os próximos passos. De fato dei muitos passos esse ano, mas sempre correndo contra o relógio. Clichê verdadeiro esse, como todos os clichês. E finalmente a melhor de todas. A modalidade número 3, corrida com revezamentos e ...
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