A música que eu queria escrever poderia ser em português ou em inglês. Poderia ser também em japonês, italiano ou francês, seu eu conhecesse estes idiomas bem o suficiente para escrever a música que eu queria escrever. Não importa. A música que eu queria escrever teria que mudar o mundo. É eu sei, este é um sonho de adolescente, coisa de candidata a miss, que não combina com meus quase 35 anos de idade. Foda-se. Eu queria uma música que fizesse todo mundo pular, sair gritando pela casa, dançando da maneira mais idiota possível, mas decidido a viver melhor. Uma música emocionante como a melhor balada, forte como o mais agressivo heavy metal, profunda como a mais bem feita sinfonia, inteligente como um improviso de jazz, tocante como o blues e nem de perto parecida com o sertanejo, o axé ou o pagode. Uma música que fizesse esquecer-nos dos problemas e ajudasse a encontrarmos soluções. Uma que fizesse o ladrão devolver as jóias, e o dono das jóias as transformasse em comida para o vizinho. Que fizesse o soldado perder o emprego e feliz encontrasse outro. Que fizesse o jornal ficar mais fino, pelo menos nas sessões de notícias ruins, e que o menino não precisasse mais dele para se cobrir na rua fria, mesmo porque não estaria mais morando na rua. Enfim, uma música que, verdade verdadeira, mudasse o mundo. Para sempre. Acho que vai ser difícil, mas prometo morrer tentando. Tenho certeza de que ela ainda não existe, é só ler o jornal.
Natal de 2010. Na verdade antevéspera de Natal, dia 23 de Dezembro. Faz 5 minutos que saí de uma reunião com um fornecedor crítico, que está quase parando a linha de produção de um de nossos clientes. Em mais 25 minutos entro em outra, com outro fornecedor crítico, que está quase parando a linha de produção de outro de nossos clientes. 2010 foi assim, basicamente uma corrida só, em três modalidades. Modalidade número 1, a já mencionada corrida atrás de peças para nossos clientes. Modalidade número 2, a emocionante corrida atrás do desenvolvimento pessoal. Já contei em outras ocasiões que todos os anos eu me isolo, por dois ou três dias, para fazer uma reflexão do ano que passou, das evoluções conquistadas e do que está por vir. Depois tenho o ano todo para dar os próximos passos. De fato dei muitos passos esse ano, mas sempre correndo contra o relógio. Clichê verdadeiro esse, como todos os clichês. E finalmente a melhor de todas. A modalidade número 3, corrida com revezamentos e ...
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